Males da Demogracinha

“Uma democracia não pode existir como uma forma permanente de governo. Só pode existir até que os eleitores descubram que podem votar na generosidade do tesouro público. A partir desse momento, a maioria sempre vota nos candidatos que prometem mais benefícios do erário público, de modo que a democracia sempre cai por causa de uma política fiscal frouxa, sempre seguida de uma ditadura. A idade média das maiores civilizações do mundo é de 200 anos. Essas nações progrediram nesta sequência: da escravidão à fé espiritual; Da fé espiritual à grande coragem; Da coragem à liberdade; Da liberdade à abundância; Da abundância ao egoísmo; Do egoísmo à apatia; Da apatia à dependência; Da dependência de volta à escravidão”. Samuel Stevens

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Bom dia. Então a gente já entende que está lascado mesmo e que sim, a demogracinha é o regime mais perverso e inumano que já existiu. Pois nesse sistema enlouquecido que estamos cuidadosamente cultivando nas últimas três, quatro décadas, não há, simplesmente, possibilidade de reparo, conserto, ajustes.

Não tem como melhorar e não há como ajeitar uma máquina pesada, lenta, cheia de engrenagens pequeinininhas rodando loucamente e sempre meio ejambradas, com aquelas folguinhas exasperantes que a todo momento provocam trancos e engasgos nas partes mais pesadas do implemento. A gente até pensou que dava para ir lá, jogar uma chave 32 no meio daquela bosta e depois de tudo travar, fazer os reparos enquanto todo mundo corria em pânico.

Não deu, a máquina está cada dia pior em seu péssimo funcionamento, o rendimento cai dia a dia e já vemos aqueles vazamentos esquisitos no lado esquerdo, daquele tipo que a gente não fas a MENOR IDEIA do que seja e porque esteja ali, sujando a banda de lá e espirrando toda a carcaça. E ninguém vai ajeitar, ao contrário, já tem meta pra dobrar, processos na fila pra ser moídos nela sem dó.

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Nossa demogracinha não representa um sistema em decadência, acreditem. Mas estamos vendo uma degradação típica dos sistemas já consolidados, curiosamente. É uma situação complicada de entender, mas basicamente temos aí uns bons cem anos de processo democrático. Os primeiros anos não contam, a gente pode anotar a democracia brasileira começando ali pelos anos 1930, com Vargas tomando o poder dos liberais estatistas.

E pensem aí, entre 1922, quando pela primeira vez o pessoal arrumou confusão contra a demogracinha, e 2022 tivemos meros 36, trinta e seis anos de governos de exceção. UM TERÇO do tempo de demogracinha brasileira foi.. “sem democracia”. Um terço de todo o nosso tempo foi assim, sem essa coisa toda de voto pleno, pedir opinião a favelado pra saber quem ele quer pra governar, etc. Não sei de verdade o que se esperava de um sistema tão zuado.

Podemos até culpar a CF por isso, mas ela é reflexo exatamente da absoluta falta de noção do bananense médio em relação ao que o Estado deve fazer por ele. A nossa demogracinha serve, por obra da CF, para atender exatamente aos desejos daquela galera que foi obrigada a votar nesta mesma demogracinha dos infernos. É o que está lá no começo: Povo vota em quem promete mais dinheiro do cofre do Estado a eles. E esse povo é exatamente quem irá afundar o Estado.

E o Estado vive assim, como o cara se afogando, subindo desesperado pra tomar ar enquanto as ondas e iemanjá puxam ele pro mar de novo. Pega um ar, vai se debater, não sai do lugar, entra em desespero e chega à tona, pega ar, recomeça o desespero. E nisso a gente, meras células desse Leviatã, nos lascamos e asfixiamos cada vez mais. A ditadura nada mais é do que o tronco na qual se agarra o Estado. E isso não é bom ou mal, o Estado renasce e se fortalece nas ditaduras, exatamente por esta impor limites severos à demogracinha e seus agentes.

Notemos: Não defendo ditaduras, mas são meramente o fato: A BNN teve seus melhores momentos estruturais exatamente quando o povão não escolhia nada e os políticos não podiam dar lá muita opinião. As ditaduras dão fôlego ao Estado pois impedem que os políticos mais afoitos façam estragos óbvios, mas a gente nunca sabe se aquele tronco é mesmo de madeira – às vezes é um jacaré, mesmo, e ele tem sempre muita fome. Quando o povão escolhe, escolhe quem lhe atende imediatamente, e aí…

Enfim, neste momento a gente está vendo a máquina começando a fazer uns ruídos estranhos. Quando isso acontece, melhor sair um pouco de perto. A tendência é só piorar, lentamente. Estamos na “fase da apatia”…

Bom dia, com certeza!