Papo de Alemão

Bom dia!

Achei um assunto interessante na semana do blogue. E é um assunto recorrente, que é o do “SUL NASISTA” brasileiro. Existe toda uma teratologia grossa sobre o povo do Sul ter essa coisa com nazismo, xerofobics, tal. E é em parte uma verdade pois muitos imigrantes europeus eram alemães, belgas, holandeses, ucranianos, poloneses e eram também adeptos do nazismo. É o fato, era assim mesmo e não tem nada historicamente errado nisso.

Nem tem o que explicar além do básico: Alemanha e toda a Europa estavam arrasadas com a Guerra. Muita gente viu no Brasil, em crise também, como um local de oportunidades e  veio para cá sem nada, ma miséria mais absoluta. E conseguiram sobreviver e contatar parentes que ainda estavam no Velho Continente. Primeiro momento foi entre 1880 e 1920, essa primeira geração conseguiu se fixar a duríssimas penas no PR, SC, e no norte do RS.

A segunda leva que vem nesse periodo pré-guerra vem fugindo do risco da guerra, vem com bens, com ferramentas e algum capital, e principalmente vêm já metidos na situação política da época. Muitos nazistas, simpatizantes do NSDAP vêm para cá e vão manter seu rigor com o Partido até por o entender como parte indissociável da cultura alemã do Reich, nos anos 1930. Sem julgamentos, apenas é o fato: Esse povo veio pra cá para não acabar na Guerra e tinham de fazer seu papel aqui, até por haver risco de perseguições internas por outros migrantes alemães.

Aí a gente já “entende” parcialmente a diferença cultural permanente e facilmente identificável entre os migrantes do litoral, os pioneiros, e os segundos que vão para o interior, expansionistas. Os pioneiros construiram uma cultura de base, os seus seguidores trouxeram uma bagagem cultural e tenderam a preservar essa identidade de origem. A diferença entre Blumenau e Curitiba basicamente é essa, por exemplo. Isso se reflete em outras comunidades geográficas na mesma forma.

Aliás, é o adendo: em História quando você a lê com o viés conservador, você tem de tirar o índice moral da sua análise. Isso, você lê o evento histórico e pensa em como os atores começaram a confusão e quais os seus ganhos e perdas, e depois, qual o seu legado. O que nos faz por exemplo poder ler e entender porque lá em Rolândia (Terra de Rolando, herói furioso da Germânia) haviam uma forte presença de nazistas, não necessariamente alemães, professando sua fé no Reich, sem dar chiliques e sem querer reparação histórica pro povo de lá – aliás, todo o norte do Paraná tem esta mesma base colonial.

SE você resolve ler por um viés progressista, “social”, a confusão começa logo de cara. Pois sendo prog-mode, você jamais poderia aceitar sequer mencionar nazismo em seus textos sem fazer uma arenga de 24 parágrafos sobre o mal que eles causaram no mundo. E já lendo com o víes negativo, você já vai achando que os alemães de Rolândia são nazistas imundos que matavam judeus nos fundos de suas casas e que naturalmente Rolândia é uma cidade rica (não é) por causa da exploração que seus conterrâneos impuseram aos judeus na Alemanha (não tem como).

Este é o ponto: Quando você abre o livro de História o cara que escreve aquilo lá já olha pro loirinho da oktoberfest com aquele ranço. Os boçais que escrevem textos e livros invariavelmente irão associar o nazismo ao cara que tá bebendo tranquilão na porcaria da festa. Se tiver arma então, é a própria Waffen comendo salsichão e tomando calor em Jaraguá. Claro que é desoenstidade, até por ser fácil acusar um alemão, mesmo que o cara seja tatatatatatatatatatataraneto de alemães, de nazismo e xerocofobia radical. A lenha toda é que ciências humanas são um poço largo e fundo de desonestidade e interesse pessoal.

Passamos décadas com essa encrenca na cabeça, e a escola ensinando muita bosta como conteúdo honesto e tornando a molecada praticamente imune e blindada contra o conhecimento. Antigamente era só explicar e postar umas figuras de nazistas a nanquim, e pronto, a gente conversava do assunto e inferia, explicava a merda que foi. Hoje o pessoal quer deletar “suástica acidental” de jogo, quer falar burramente de quem criticava o nazismo.

E tem um filme.

• Link legal, pra esse assunto! https://www.turistoria.com.br/o-partido-nazista-no-parana

Bom dia! cultura, cambada!