A Morte do Facínora

Bom dia!

Eu gosto de faroeste. Já escrevi várias vezes aqui sobre isso e sempre repiso como é fantástico entender o processo civilizatório na marra e com extema violência ocorrido nos EUA pós-secessão. Gosto mesmo do tema, mesmo com aquele oceano de clichês e histórias absurdas entendo ser uma janelinha para entender o porquê de estarmos nesta quizumba toda.

E não, nao vou falar muito do filme do John Ford. Filme excelente, por sinal, que sequer é um faroeste de verdade. É mais aquele tipo de thriller psicológico com uma história longa e mal contada. O filme é um flashback, começa com o advogado (É o James Stewart, vocês não entenderiam o naipe desta classe de atores) já senador da República, voltando para a cidadezinha onde sua fama de justo e moral começou, vinte e poucos anos antes.

Basicamente o flashback conta a história do cara, advogado novinho, que chega numa cidade do cabrobó do judas, nos 1870, e num de seus dias modorrentos quase é morto por uma gangue de criminosos, liderada pelo tal Facínora da fita. Sobrevivendo, vai buscar vingança e principalmente, “justiça legítima”, a Lei.

E tem, claro, o pistoleiro “do bem” – obviamente John Wayne já no final da carreira de westerns, e a mocinha que casa com o bonzinho mas dá mole para o Homem e que acaba no meio da confusão com o bandido e sua gangue (Lee Marvin e Lee Van Cleef, quando era moleque achava que eram o mesmo ator, foi mal) e o processo acidentado e mal contado da morte do Bandido e o que acontece depois com os caras “bons”.

E a gente sabe que qualquer história de heróis e vilões sempre é bastante mal contada pelos heróis. Este é o assunto.

Esse preâmbulo todo é somente para voltarmos à nossa realidade medíocre e enjoada.

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Pela semana todo mundo – a sociedade civil, imprensa, investidores, mercado, companheiros, gente desconhecida, os bichos na natureza, umas 15 IAs internet a fora, a torcida do Athlhethichoh Paranaense, a Argentina… todo mundo está fazendo algum tipo de oração buscando algum tipo de objetivos em relação ao cara que estava lá no Sírio Libanês. Obviamente eu não faço isso, não rezo por nada que não seja a recuperação das pessoas. Odiaria saber que algum desgraçado estava orando por minhas hemorroidas.

No entanto, o pessoal corretamente está pensando nos enormes benefícios advindos de uma visita do Zé Maria lá no Hospital. Se as enfermeiras finalmente desatassem os nós dos lençóis da cama do Indivíduo lá, não tenho nenhuma dúvida de que em um primeiro momento veríamos um carnaval bizarro e bastante, bastante violento do pessoal que está de saco cheio de tanta injustiça, tanto descalabro.

E eu sinceramente não faria nenhum mau juízo disso. Se você não tem um naco de raiva em ver essa danação em que este bando está nos metendo, você está drogado ou lesado. É uma sensação péssima a de ver os esforços de tanta gente sendo tragados pela fome de um bando de criminosos interessados apenas em roubar, fraudar, ostentar poder. Humilha, envergonha a qualquer um que tenha senso moral.

Porém, é aí que entra a mensagem mais interessante do filme ali. Todo mundo sabe que o Facínora é mau, perverso, rude e odioso. É um cara mau com uma gangue de homens igualmente maus e desalmados… gente imprestável, um bando de criminosos interessados apenas em roubar, fraudar, ostentar poder. Quando o criminoso é morto, em cisrcunstâncias complicadas, o “homem bom” vira celebridade. Se torna sheriff, respeitado, e aquela vila miserável vai virar um county, ganhar governo e esse herói é escolhido senador e vai fazer jus à fama de protetor da sociedade.

Aqui, se o nosso Facínora morrer, quem vai receber os louros desta derrota? Quem irá o suceder naquela cadeira e com aquela caneta na mão? Sabemos que os seus aliados não tem nenhum plano, são como gafanhotos comendo milho. Não irão perceber o desastre iminente, e irão endoidar quando o caos chegar. Teremos tempos complicados por aqui, principalmente por conta da profunda falta de gente capaz de assumir o controle da barcaça.

Temo duas situações bem distintas: uma, a possibilidade de alguma bizarra interpretação legal que permita ao STFU assumir o poder de facto “em nome da demogracinha” e com isso fechar o congresso (eu estava lendo o AI-5, ontem fez aniversário e se eu fosse um petista inteligente HOJE também estaria lendo ele detidamente: pois a ferramenta faz a mesma função, mesmo em mãos diferentes…) criando uma juristocracia medieval…

Outra situação é o Partido começar uma guerra fratricida pelo poder e para impedir que seus ‘aliados’ ganhem espaço, aí nosso gobierno vai para o vinagre completamente – daí teremos mesmo de torcer para que o Sangue de Marcela e as Forças do Mal transformem aquela forma decadente no Temeroso e Este venha nos salvar do Caos.

Enfim, eu penso mais em QUEM irá se beneficar de verdade no caso de uma bosta dessas acontecer do que os ganhos que poderemos ter com este adefuntamento. Não estamos mais em um ambiente livre, então o risco de uma situação dessas nos causar mais probelmas do que soluções é real. Risco da radicalização, de o bando tomar “decisões criativas” contra todos os que “ameaçam a Demogracinha”… Não tem “homem bom” por aqui.

Mas isso é conjectura. Esqueçam isso. Vaso ruim não quebra, e nada de mal irá acontecer àquele indivíduo. Mas se eu fosse ele pedia pra outra pessoa lhe dar banho, a Janja tá melhorando a pontaria… mais uns dois totozinhos nele e…

Bom dia!