Ah, o Positivismo…

Bom dia!

Ontem fui passear com meu Menino, fomos na Quinta da Boa Vista – lugar mítico para a classe baixa-baixa assalariada do Hell de Janeiro, e que hoje posa de “instagramável”, devido à abjeta feiúra reinante no restante da cidade. E passei na frente da carcaça do antigo Museu Nacional. Não sei expressar o rancor que mantenho daqueles bostas imundos da UFRJ, que deixaram o Museu queimar até ficarem só as paredes.

E eu me recordo, estava falando disso, desse maldito positivismo que grassa no país e que é enraizado na nossa República. Os republicanos, se pudessem, teriam eles mesmo tocado fogo no prédio logo que chegaram ao poder. Foram contidos por décadas, mas hoje eles têm ampla liberdade. Sem engano, os republicanos de anteontem são os neopositivistas de ontem e os socialistas justiceiros sociais de hoje.

Positivistas, sempre vou explicar, são um tipo de pessoas, uma classe. Como os filósofos ou os padeiros medievais. No entanto o ideário positivista pegou um momento especial da humanidade. Muita gente se deslumbrou com a alvorada da Ciência no XVIII. Médicos, químicos, biólogos e principalmente engenheiros, são fruto disso. Profissões que moldariam o mundo do futuro. Ciência funcional, com método. Deus In A Machine.

Um homem intleigente e capaz faz os fornos que criam o aço, outro mais genioso e artístico rabisca os esgotos e saneia Paris a tirando de seus humos perniciosos, outro bem dileto e organizado calcula as pontes que aceleram as trocas comerciais e outros desenham as caldeiras para produzir energia, a fim de que mais outros homens igualmente cultos e laborioso comandem milhares de ignorantes para fabricar máquinas poderosas para correr em cima de trilhos, ruas, rios.

Não seria maravilhosa a ideia de que era possível criar e fomentar, fazer crescer uma elite artificial e científica, voltada integralmente para criar o mundo do futuro, eliminando paulatinamente as partes feias e ruins da vida e das estruturas de geração de riqueza? Pensem rapidamente: Se nós aqui neste grupo, por exemplo, tivéssemos a chance de planejar a remodelação da BNN, como seria linda a renovação desta Terra?

Prciso frisar duas coisas: Uma, existe ironia no que falo e outra, o mundo no XIX era totalmente diferente. Era um tempo ainda selvagem mas positivo, exultante. Os ingleses achavam de verdade que tinham o poder de civilizar um Congo, fazer de uma Índia uma nação uniforme e orenada, controlar e fazer uma China lhes fornecer riquezas. Armas, ferro e drogas, maravilhas cientificas sob a mão dos melhores homens, pensando num universo de riquezas a ser criadas e exploradas.

Quem duvida que um engenheiro, um químico, um médico não podem ser melhores gestores, líderes do que um soldado, um agricultor, um peão de obra? Quem duvidaria, não é? O socialismo nasceu exatamente deste pensamento positivista, como seu antipoda.

O mundo do julio verne, que escrevia uma ficção maravilhosa e notávelmente próxima daquilo que virou realidade, era um mundo de modernidade e essa modernidade é o positivismo. A sensação quase palpável de que o passado é mau, que o futuro brilhante está ali a umas bombas e balas de distância inebria os intelectuais. Os de ontem, e os de hoje. Os nossos progressistas de hoje acreditam que com leis, normas, regras, ameaças e punições moldarão um mundo nivelado e estável, perfeito.

Eles tacariam fogo no mundo inteiro, se tivessem uma chance. E fizeram isso algumas vezes.

Fica a teoria de hoje, pra dar trabalho às suas mentes aí!

Bom dia!