Rebalanceamento de carteira – Banco Data

Banco Data 19 de julho de 2018 at 15:48
Sim. Mas deve-se considerar não apenas os ativos individualmente, mas a gestão da carteira de investimentos como um todo.

Por exemplo, eu defino a participação fixa de cada tipo de ativo. Sei lá, 80% em renda fixa e 20% de renda variável.

Nesses 20% de renda variável, eu posso incluir 10% de ações da GRND3, por exemplo.

Se as ações da GRND3 subiram e estão com uma participação agora de 15%, eu vendo para voltar aos 10%. Nisso eu embolso um lucro e invisto esse lucro em algo que está em baixa naquele momento, ou mesmo em renda fixa, caso a valorização tenha levado a um desenquadramento da proporção 80-20% entre renda fixa e variável que defini para a carteira.

A cotação das ações acompanha o lucro no LONGO PRAZO, mas no curto prazo todas empresas estão sujeitas ao risco sistêmico. Basta ver como estão as cotações agora em 2018, muitas empresas com lucros crescendo mas cotação caindo.

Sobre o rebalanceamento de carteira:

Acho que existe uma percepção de que o rebalanceamento é tipo zerar a posição em um determinado ativo porque ele se valorizou. Na verdade, não é isso.

Vou citar um exemplo prático com a ação KROT3 e tendo um limite estático (e não percentual), para simplificar o exemplo:

Momento 1: Comprou 10 lotes (1000 ações) a R$ 15 (R$ 15.000,00 no total) e definiu que o limite de oscilação do valor desse ativo na carteira é entre 13,50 e 16,50. Abaixo de 13,50, torna-se elegível para novas compras. Acima de 16,50, torna-se elegível para novas vendas.

Momento 2: O valor da ação chegou a R$ 17. Agora terei R$ 17.000,00 em ações KROT3, extrapolando o limite de R$ 16.500,00 que defini no momento 1. Logo, tenho que vender 1 lote (R$ 1700,00) para reenquadrar o ativo dentro do meu intervalo de valor total, que é entre 13500 e 16500. Se tenho 17000 e vendo 1700 (1 lote padrão), volto para R$ 15.300,00 em KROT3, ou seja, reequilibrei minha exposição a esse ativo embolsando um lucro.

Momento 3: Acontece uma merda muito grande e todo o IBOV cai. A ação vai a R$ 9. Se eu não tivesse rebalanceado, hoje teria uma perda de R$ 6 mil. Como rebalanceei, minha perda foi de 4300. Ou seja, perdi 28% a menos. Posso usar essa diferença agora para comprar mais ações KROT3, que se desenquadrou no meu intervalo de preço (está abaixo de 13,50).

No final do momento 3, terei maior número de ações KROT3 do que tinha no momento 1, apesar do meu patrimônio ter se reduzido com a queda do valor.

Caso não rebalanceasse, eu teria o patrimônio reduzido e o mesmo número de ações que tinha no momento 1, ou seja, não teria tirado nenhum proveito do momento de alta.

Rebalanceando, eu consigo realizar um valor na alta e, depois, na baixa, utilizo esse valor realizado para aumentar o poder de compra e aumentar a exposição ao ativo. Quando vier uma alta, terei maior número de ações do que tinha no começo e o processo se reinicia.

Óbvio que isso também reduz o ganho na alta, mas é o preço que se paga para reduzir o risco, já que ninguém é capaz de acertar timing de mercado.

É justamente para isso que serve o rebalanceamento e a alocação por classe de ativo, para “mecanizar” o processo e priorizar a disciplina sobre essa mania que muitos investidores tem de querer achar o “timing” perfeito para comprar e vender. Isso de timing não funciona.