Bretton-Woods

Bom dia!!! Antes de qualquer coisa, manifesto meus PARABÉNS ao Ugo e esposa, pelo nascimento da sua Bebezinha! Deus conceda toda graça e felicidade do mundo para a sua princesa! Aliás, a nova Princesa do blogue chegou no mesmo dia em que meu Menino fez quatro aninhos! 😀 Tâmo junto!

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Bom dia! Vamos de anamnese hoje.

Hoje completamos 50 anos do fim dos acordos de Bretton-Woods. Esses troços são daquelas coisas que mudaram profundamente nossas vidas e que se der um molezinho, apenas, passarão totalmente batidas pelas nossas consciências. Coisas importantes para entender o mundo, mas que não são ensinadas direito na escola, ou debatidas na vida real da calangada.

Antigamente as coisas tinham seu valor em-si.

Basicamente “valiam o que pesavam”. Você tinha bens que poderiam ser trocados indefinidamente, e repassados a tantos donos quantos pudessem aceitar o sapato, ou o casaco, ou a carroça, a máquina de costura, no seu estado atual. Falo bem antigamente, quando a gente já tomava guaraná com tampa de folha-de-flandres e usava sabonete Phebo de boa. Tempos daqueles armazéns de secos-e-molhados (gente, o Ney Matogrosso fez 80 anos esses dias… pqp…) onde as coisas trazidas pelos mascates podiam ficar anos ali expostas até ser compradas por algum necessitado daquele objeto, daquela ferramenta, enlatado inglês, ou um sapato decente.

Era um tempo interessante. O dinheiro desvalorizava mais pelas lambanças constantes dos governantes em sua sanha por fazer do estado um puxadinho das suas ganas pessoais, do que por qualquer outro motivo em específico. Havia inflação, claro, e muita, mas o valor em-si dos bens era determinante. E inflação sempre foi nosso problema principal, já que nossa moeda nunca foi lá muito boa de lastro, claro. Sempre foi uma moeda duvidosa, fraca de capacidades, de valor, desde que inventamos o Banco do Brasil.

Até o pós-guerra as economias do mundo eram profundamente estanques. Cada país com sua moeda, suas reservas de lastro (lembrando que para uma Casa da Moeda emitir papel pintado, em tese, deveria sempre haver lastro correspondente em metal precioso e de valor constante – por isso, por exemplo, haviam aqueles trens com ouro que os bandidos tentavam roubar do Pica-Pau: Os estados dos EUA emitiam cada um suas frações de dollars de acordo com suas reservas… ou, por exemplo, explica a estúpida, abusiva, grosseira e inominável riqueza do Hermanistão, que podia se dar ao luxo de emitir a quantidade de moeda que quisesse, tamanhas eram suas reservas no começo dos anos 1950.

Corta para os EUA dos anos 1960.

A gente sabe que a Guerra deixou os EUA RICOS-PARA-CACETE, mas tinha um BO, um problema ali no meio. Como os países que foram arrebentados pelo Reich pagariam suas dívidas de guerra se eles não tinham reservas conversíveis nem lastro em metal? Simples: OS EUA emprestavam grana e recursos materiais (Plano Marshall) e os devedores tinham obrigatoriamente de pagar em DOLLAR. Isso bem resumido, é o miolo dos acordos de Bretton-Woods. Pensemos que uma Itália não tinha reservas sequer para cunhar moedas em 1945. Se alguem conhece o filme Roma, Cidade Aberta, ou Ladrões de Bicicleta, vai ver como a pindaíba europeia era tenebrosa.

O plano dos caras era bom. Os EUA teriam controle sobre os fluxos mundiais de pagamentos em uma escala inimaginável, com apoio extenso da moderna telemática e da eletrônica, poria sob seu controle economico a Europa inteira, fecharia o cercadinho onde os comunistas ficavam lá encarcerados e matando seu pessoal de picaretada e tiro e pelos próximos 50 anos, tudo ficaria de boas, com a grana circulando livremente sob a chancela do FED, gestor da parada toda.

Falei 50 anos? É. Só que algo deu errado na fórmula. Errado não, exatamente. Deu até mnuito certo. Sabem aquelas bobagens que a gente estudava na sétima série? sobre vale do Ruhr, carvão na holanda, aqueles troços de comunidade econômica… então? Os europeus rapidamente se recuperaram, e ultraapssaram largamente qualquer coisa que os EUA e a galera do FED poderiam supor. Digamos que a Alemanha Ocidental (A que tinha parado de matar seus conterrâneos) pagou TODO o débito com o FED em 1959. As demais nações, com exceção da Inglaterra e seus trabalhistas perdulários , equacionaram as pendências com os EUA na virada dos anos 1960, e passaram elas mesmas a emitir mais volumes de suas moedas com lastros variados, e sempre referenciando com o Dollar.

Quer dizer, os EUA no começos dos anos 1960 ao mesmo tempo estava em uma situação excepcionalmente ótima, pois tinha MUITAS reservas, mas ao mesmo tempo estava tendo de lidar com cada vez mais gente cambiando dollar com suas moedas nacionais. Isso, claro, exigia que o FED precisasse de cada vez mais lastro para suportar a força das transações, principalmente de Alemanha Sem Muro, França e Inglaterra. Os EUA estavam R I C O S, mas estavam sendo pressionados exatamente por aqueles páises que seriam seu destino de regulação monetária. Em resumo, a carroça estava correndo mais depressa do que os cavalos.

E como se corrige isso? Bem, os EUA entraram em um ciclo de défices na tentatida de o FED resolver no amor, reconvertendo moeda, buscando metal no mercado (SIM, os sulafricanos e os so-vi-é-ti-cos venderam muito metal – e pedras preciosas – aos EUA no período, por exemplo) e criando inflação via impressão de papel pintado. E veio o Khruschev e a expansão marxista em África, e o caixão do Kennedy, e a Guerra na Indochina, e a Corrida Espacial, e a brutal expansão de consumo dos baby boomers, e a concorrência com os europeus se fortalecendo em torno da Alemanha… Não era simples.

Com os EUA emitindo papel pintado e comprando metal no mercado, eles estavam virando um emissor radioativo de inflação. Pensem que aqui no BRBRBRHUEHUEHEUHUE esse periodo de expansão dos EUA representou a crise mais grave da Nova Democracia, quando os socialistas se aproveitaram da crise economica para buscar poder político, e quase conseguiram entre 1962 e 1964. E nos EUA mesmo, a inflação começa a pressionar os custos, e empresas americanas vão lentamente encarecendo seus bens produzidos, levando o cidadão médio a buscar alternativas – como os eletrônicos japoneses, por exemplo – e a reduzir a velocidade de expansão do consumo. Lembrem, por exemplo, da reclamação constante do George Jetson no desenho, sobre o trabalho, a grana, os excessos da Jane… As coisas estavam boas, mas estavam ficando ruins.

Quando os BCs europeus entram 1971 vendendo moeda americana e exigindo conversão em lastro, os EUA e seu FED se veem em uma situação insustentável. Coisa de 100 bilhões de dollars da época estavam em poder dos BCEs. E se todo mundo resolvesse – e estavam se preparando para isso – solicitar a conversão, os EUA não teriam recursos para tal entrega. Iriam desarrumar tudo. A solução? Desarrumar tudo. Notem que a culpa disso é exatamente da redução na evolução economica dos EUA em relação aos seus parceiros. Isto é, faltava aquela “globalização de défices” que faria os EUA se estabilizar, mas como os alemóns simpelsmente entesouraram tudo (o Japéin também estava, mas isso é outra história), encrencou o processo. O plano não funcionou e os EUA simplesmente, a 15 de Agosto, se declararam fora do padrão-ouro.

Isto é, o dollar não mais seria plenamente conversível com metal precioso. Assim, o dollar circulante passaria a ter o valor determinado como é atualmente, pelo fluxo de titulos de dívida pública e entesouramento do FED. Pensemos que o dollar era convertido à razão 1 para uma onça (umas 35 gramas) de Ouro. Agora a gente lembra de quanto dollar os BCEs tinham em caixa. Nixon, já enrolado com os meninos se ferrando miseravelmente no vietnam, com os malucos dos direitos civis tacando fogo em tudo, a economia patinando e o pessoal mais pobre ficando puto, optou pelo fogo no parquinho, repassando a pícara sonhadora para as economias do resto do mundo – Claro, a URSS virou uma beneficiária primária dessa confusão ao aceitar DOLLAR para vender aos europeus…

Enfim, o rolo doido que temos atualmente começa neste ponto. A ideia é só uma pincelada de leve no assunto, pra não perder a data, que é essencial pra se compreender o merdelê atual.

Se errei muito, me corrijão, por gentileza! 😛

Bom dia!