A Caridade é para Poucos

maluco beleza 19 de fevereiro de 2025 at 10:31

As pessoas tem uma visão romantizada e infantilizada dos mendigos e pé rapados… acham que é falta de oportunidade, ou que as pessoas obrigaram elas a irem pra rua de alguma forma.
(…)Grande maioria dos mendigos estão nessa situação por problemas na infancia como abusos psicológicos/físicos, ou abandono de mulher que se apaixonou, ou vício em drogas/alcool, desgosto na vida por alguma questão… o que importa saber é que lá no fundo existe uma vontade nele de ficar nessa situação. Mtos usam o vitimismo para conseguir as coisas de forma fácil, ou querem usar sua situação para se vingar de alguém.

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Bom dia!

Eu começo hoje perguntando: Quantas vezes vocês já leram aqui eu dizendo para JAMAIS dar dinheiro ou alimentos ou qualquer coisa pra morador de rua, pedinte? Eu tenho certeza, centenas de vezes falei isso.

E já esclareci, até fizemos tópicos sobre isso.

Primeiro lugar, a caridade é uma ação individual e exclusivamente ligada ao altruísmo da pessoa. Não ser caridoso com o pedinte não quer dizer que você não seja altruísta, longe disso. Dá quem quer, eu apenas digo que quem dá tem de ter a certeza de que está dando para alguem que normalmente não dará o menor valor àquele benefício, aquele dinheiro ou alimento.

Eu trabalho no centro do centro do Hell de Janeiro. Na rua em frente à repartição há uma fauna de mendigos constantemente morando por ali. Gostam do pessoal que sempre traz uma coca pela metade, uma marmitinha e que lhes dão estes alimentos que sobram dos seus almoços caridosamente – ou não – todos os dias. FPs tem grana e sentem culpa a beça, provavelmente. Não tem mendigo dormindo na frente do Batalhão de Choque.

E Eles criaram costume: por exemplo um casal passou anos por ali dormiam abraçadinos na frente da portaria do meu trabalho. E sempre sumiam depois de a mulher tentar matar o cara à pedradas. Depois voltavam. Tinha um mendigo “bonito”, umas coroas lá se amarraram nele. Ele pegou grana de umas cinco coroas diferentes falando que ia voltar pra Minas. Na quinta vez que ele apareceu dormindo na frente do prédio, alguém ligou pra polícia.

Meus colegas de trabalho já sabem que eu além de negar, ainda faço questão de mandar sair fora. Mendigos  – “pessoas em situação de rua” –  costumam ser agressivos com as meninas, para conseguir mais facilmente o que querem. Eu literalmente me lixo pra isso e mais de uma vez já arrumei problema com mendigo em restaurante. Que se foda, quem acha bonito dar comida pra mendigo vai pro lar fabiano fazer sopão.

Segundo lugar: A maioria absoluta dos moradores de rua não passa fome na rua. Isso NÃO EXISTE. Sério. Podem verificar na sua cidade aí. Quem mora mais pro interior vai reparar que não tem mendicância. Pois no interior há menos riqueza disponível e menos gente dará alimento e roupas, remédios a esse pessoal. Moro em periferia, aqui praticamente tem só uns quatro ou cinco alcóolatras que vivem na praça do bairro. E isso porque os botecos e a igreja batista do bairro os sustentam qusse diariamente.

Môça trabalhou anos em abrigo de população de rua. Trabalhava com mendigo mesmo, com cracudo, pivete, velho expulso de casa, gente psiquiátrica, maluca. Em geral o pessoal – os “poprua” – tinha casa, família conhecida e que sabia onde eles estavam, os mais velhos tinham dinheiro de pensão ou INSS, ou BPC e em algum momento perceberam que ficar na rua era vantajoso em relação a ficar na casa de parentes sendo agredido, humilhado, passando fome. Na rua ninguém passa fome.

Muita gente é altruísta e realmente dispende tempo e recursos para ajudar o pessoal na rua. Não vou falar que não adianta, pois as pessoas são livres para escolher desperdiçar seu tempo e recursos com este tipo de ajuda. Sempre vejo os mendigos jogando marmitas cheias de comida fora porque comem só a carne e pronto. À noite tem sopão, de manhã cedinho café da manhã. Muito trabalhador não tem isso durante o dia. Faz parte.

Terceiro lugar: A maioria do pessoal que está na rua é psiquiátrico, já falei. Problema enorme devido à inexistência de estruturas de abrigamento para este tipo de paciente. Nise da Silveira, botar o psiquiatrico na rua para que a familia cuide dele. A família faz o quê? não cuida, deixa amarrado, dopado, espanca, solta ele em outra cidade e vive a vida. E aí esse pacientte psiquiátrico, que antees ficava em sanatórios – independente do julgamento que seja feito a respeito deste tipo de instituição – agora fica nas ruas, drogados, roubando, depredando.

Simplesmente é desumano deixar pessoas incapazes de viver uma vida autônoma sem acompanhamnto rigoroso largados na rua, mas é exatamente esta a atual politica nacional de Assistencia Psicossocial. CAPS não é pra pegar doido, é pra manter doido dopado longe do hospital. Não podemos pegar os doidos e internar, não existem nem podem ser criadas novas clínicas de internato. SAMU pega doido quando tá em surto, depois solta de novo. Polícia não liga. E a gente vai se virando com esse exército de malucos na rua todos os dias.

Enfim, dá quem quer, e dê sabendo que gratidão é coisa rara e difícil de achar hoje em dia. Nada de dar como indulgência, a generosidade não é para isso. E aos que não querem da nada, relaxem. Tem muita moçada do sopão que vai pro inferno sem escala.

Bom dia!