A Escola Moderna

Bom dia!

Pois é. Em um mundo onde cada vez menos crianças são geradas, a escola está virando lentamente um problemão enorme para se lidar. Pois, se antigamente nos anos 70, 80, nossos pais e avós se preocupavam em arrumar escola para as crianças, assim, sem nenum tipo de plus, de melhoria, hoje as demandas são infinitas. Era no passado a quase regra: escola pública, bem simplória e oferecendo o básico.

E era muito relevante você poder ir à escola com apenas uma caminhada, sem ter de fazer longas viagens a pé ou de bicicleta… e, se desse e coubesse, arrumar algo particular, uma escola que fosse mais decente – a qualidade da escola pública não era ruim como as de hoje em dia mas não era boa ao ponto de fazer o povo deixar de pagar por algo mais substancioso.

E vejam que esse negócio de escola oferecendo atividades, oficinas, cursos é novo para a maioria da população hoje? não. A escola particular oferecia lá uma aula de balé, de informática ou o tal do inglês. Mas com dois, três filhos estudando? complicado bancar escola. Mensalidade, material, transporte. Mas a demografia, ela mesmo, mudou o perfil das familias e com isso, as escolas também mudaram bastante.

Com famílias menores, menos filhos, a capacidade de um casal bancar uma escola melhor para o filho aumentou muito. Anos 2000 as escolas privadas de ensino fundamental experimentaram um avanço enorme, na proporção da decadência pronunciada do ensino público. Muita gente resolveu se sacrificar e meter seu filho numa escola com mais recursos, estrutura.

Corta pra atualidade. Hoje um aluno de ensino fundamental em uma boa escola privada vai custar, numa capital, uns R$ 3 mil mensais, fora material e fardamento. A concorrência entre as escolas privadas é forte pois os pais, ao menor sinal de prejuízo muda o filho desta para aquela escola e daquela para uma pública, dependendo da motivação e condição financeira. E a qualidade média desta escolas privadas é boa, comparada com o ensino estatal.

Mas o preço não é bom medidor de qualidade de ensino. Há escolas caríssimas e de desempenho medíocre, que se beneficiam de uma boa infraestrutura e localização para manter público. Há escolas baratas e ruins, literalmente chiqueirinhos de crianças, que apenas vivem de bolsas pagas por prefeituras e do pessoal que realmente prefere pagar pouco e receber a mesma medida em educação para o filho.

Escola boa é a que ensina o básico, e são os pais os que devem perceber a eficácia do processo educacional, antes de qualquer coisa. Pagar uma escola cara não é garantia de qualidade. Há escolas baratas que, fazendo o “feijão com arroz”, já estarão oferecendo aos seus clientes o suficiente para um bom planejamento escolar. Quer dizer, se a escola não atrapalhar o aluno, não o sabotar com uma educação básica deficiente, já está de muito bom tamanho.

Eu pessoalmente acho meio bizarra a crença de que escola cara signifique qualidade. Infraestrutura boa conta muito, mas botar sua menina pra jogar roblox na aula de “educação digital” é inútil. Inglês na escola é bom? É. Mas tem de por em um cursinho pra evoluir corretamente. Esportes? bom sim, mas nem todo mundo quer torrar grana com torneio de karatê pra fazer foto bonita no álbum.

Infelizmente nós temos a tarefa de filtrar tudo isso. Tipo aquele comercial do Gelol, não basta ser pai, tem de participar. Se você acha a escola do seu filho boa, experimente visitar outras escolas, conversar com pais que vocês conheçam, dar uma olhada nas redes sociais delas. Pergunte dos preços, do que ofertam, se os conjuntos didáticos são decentes. Peça pra ver os materiais, a infraestrutura da escola. Temos de comparar sempre.

Nunca é bom deixar de frisar: Comparemos as escolas, os processos educacionais, metodologias. JAMAIS se compara o aluno. Um aluno mais levado, zueiro consegue se dar melhor em uma escola mais progressista, aberta ou em uma escola mais fechada, caxias? Aquela menina namoradeira rende mais na escola particular onde é obrigada a fazer um papel legal, evitando ser transferida para o CIEP. O menino sonso e preguiçoso cabe melhor em uma escola mais simples e básica ou em uma cheia de atrativos e atividades?

Eu digo que é preciso escolher a escola, escolher o método, e também escolher a abordagem e o tipo de expectativas que alimentamos. Esperar dinamismo de uma escola tradicional, que educou três, quatro, cinco gerações de alunos é inútil, quem paga quer permanência e legado. Querer ver currículo e projeto pedagógico do colégio municipal do seu bairro é inutil, o cliente dessa escola não sabe ler bula de remédio.

Escola nenhuma melhora o filho de quem não se importa com o processo de educar pessoas. Nenhum dinheiro faz seu filho ficar mais inteligente por si só. Nenhum professor pode fazer seu filho melhor isoladamente, mas seguramente pode fazer ele se tornar pior. Nenhum esforço para melhorar as capacidades de nossos filhos é inútil mas precisamos continuamente verificar se a força e direção são as adequadas – para aquilo que esperamos e mais: será que nossas pretensões para com o futuro dos nossos filhos são as melhores?

Enfim, ressalto: a escola reflete o seu público e você tem de descobrir se faz parte ou não do público da escola o qual pretende incluir seu pimpolho da mamãe.

Bom dia!