Bom dia!
É um hábito. De tempos em tempos ressurgem das profundezas das pesquisas dos pesquisadores da universidade de HARHWAHRD, em Boston, Chicago, aquela informação totalmente relevante e absolutamente essencial para que cumpramos com coragem a necessária obrigação de manter 60 minutos de conversa com os colegas de trabalho durante o cafézinho, todas as manhãs.
Nesta semana apareceu a tal história de que as idades máximas das fases de nossa vida estão sendo movidas cada vez mais adiante! Deve ser história de uns trinta anos atrás: “Pesquisadores propõem fixar a adolescência como uma fase entre 14 e 24 anos”. Assim mesmo. Biologia o escambau, temos de admitir. Esta distinção não tem fundo meramente natural, tem um forte componente cultural.
Porque biologicamente por volta dos 16 anos já somos adultos em capacidades físicas e mentais. Simples assim. No entanto essa “madureza”, no passado era acompanhada de uma transição familiar intensa e rápida. A pouco tempo, cem anos atrás, esse salto era visível. O menino, quando alcançava uns dez anos, já era chamado pelo pai e mãe a ajudar com os trabalhos que sustentavam a família. A menina, ia cuidar da casa, dos irmãos, dos mais velhos.
Não era incomum os meninos trabalhar por conta própria para fazer algum dinheiro, e aumentar a renda, comprar seus pertences. Logo ele já seria rapaz e com seus 15,16 anos já engraçando com as meninas do bairro, acabaria se apegando e com um ou dois anos de serviço mais firme, já estaria no ponto de casar com uma moça que, batendo 15 anos, já estaria apta ao namoro, ao noivado e à formação de uma nova família.
As famílias de todos vocês têm relatos mais ou menos deste tipo, seus avós e bisavós formaram suas famílias exatamente desta forma. Claro, sempre teremos o relato de alguma avó que fora capturada em alguma aldeia indígena e casada à força pelo padre numa paróquia do interior de Minas, mas no geral a vida de um jovem em família durava no máximo vinte anos.
As Guerras mudaram bem esse negócio. Não dava para mandar crianças morrer em batalha. Além de ser ineficaz era imoral e pernicioso à própria sociedade. No entanto quase dez mil jovens com menos de 18 anos conseguiram driblar os controles de conscrição e se alistaram nas tropas dos EUA durante a II GM, por exemplo.
Cientificamente se buscou – o Estado – delimitar uma idade máxima para cada fase humana obedecendo critérios biológicos, e mais tarde, culturais e psicológicos, para detemrinar minimamente quem estaria e quem não estaria apto à exercer as obrigações da vida civil. Notemos: até meados do século XX quem determinava se uma criança havia virado adulto era a família, a sociedade. Festas de 15 anos tinham essa função de “marco social”, por exemplo. O menino trabalhar com o pai era outro marco.
Então a “ciência” passou a determinar este “mix” de dados, que delimita a idade de cada fase humana. Até 12 anos, é criança. Dali aos 18 anos, adolescente, dos 18 até uns 60 anos, adulto. E daí até a Eternidade, idoso. E as políticas sociais e leis e normas que já mencionavam vagamente estas faixas etárias – sem muita utilidade pois no começo do XX a menina era considerada “moça” – apta ao casamento – quando começava a menstruar e isso varia de acordo com tantos fatores que criava situaçõees complexas, bizarras.
Delimitar rigidamente as faixas etárias serve para se definir a posição social dos individuos frente às obrigações e direitos do Estado. Criança não pode escolher seu político ou sair da casa de seus pais. Adolescente não pode comprar uma casa ou um carro, não pode ter uma arma. Adolescente não pode casar sem consentimento dos pais. O Estado desobriga quem está nestas faixas etárias das obrigações civis, e impõe obrigações aos seus pais em função deles.
Vejamos: porque, afinal de contas, haveria uma pressão recorrente da “ciência”, do “mercado”, do Estado para se mudar uma classificação do tipo? Seria uma resposta natural à mudança de comportamento da sociedade em função de transformações profundas nas relações sociais? Talvez sim. Hoje as pessoas saem de casa cada vez mais tarde, e quando saem relutam em formar famílias efetivas, ter filhos.
Os filhos da nossa geração demoram para sair de casa ou nem saem, trabalhando, estudando e se mantendo como componente familiar, “adultos jovens”, como li outro dia. Os filhos das gerações atuais sequer trabalham, ou estudam. Não são necesariamente obrigados a isto. Podem viver em seus núcleos familiares sem pressões sociais muito intensas, tendo acesso a uma gama extensa de pequenos luxos e benefícios sociais.
Mesmo sem a “ciência” dar um OK, a sociedade já empurrou a adolescência até os trinta anos, praticamente. Este fenômeno já foi comum na Europa dos anos 1990 e 2000, agora está acontecendo aqui. Aparentemente é em muito um fenômeno da cultura ocidental. Jovens na china ou índia não sofrem com estas questões. Jovens no Afeganistão já podem buscar suas virgens com 14 anos, bastando ter aquela barba mínima na cara.
vivemos em uma sociedade onde somos cada vez mais tutelados e cada vez a tutela deixa de ser algo localizado e se torna estrutural, orgânico. O Estado tem o dever de tutelar o adolescente. No mundo todo há leis de proteção à criança e adolescência. Quanto mais gente for mantida na adolescência, e por mais tempo, maior o volume de pessoas plenamente tuteladas pelo Estado, parcialmente incapazes de exercer sua função social e diretamente submetidas à leis severas com os desviantes – os pais deles.
Quem mais, além da dísnei, toquetoque e nintendo, lucra com a expansão brutal da massa de “adultolescentes”, jovens-velhos? Perguntas… perguntas…
Bom dia!
Bom dia!
bom dia!
post antigo mas novo lá no blog
https://marcelocorghi.wordpress.com/2025/09/21/a-tragedia-dos-comuns/
aqui eu falo meio em tom de brincadeira, mas a ideia é que os moleques aos 15 já façam pelo menos um curso tecnico, e se nao forem sair de casa, ao menos contribuam com algumas das despesas.
meus pais fizeram isso comigo e deu certo.
Eu acho que dar o gosto do trabalho responsável e do dinheiro ajuda muito, eu queria gastar em algumas coisas e tinha que pedir emprestado. Eu só comecei a trabalhar com 18, mas por realmente querer ter minha independência.
O problema que na nossa geração já se criou a ideia de que até os 18 anos se estuda na escola e já emenda faculdade até os 22/24 anos. Aí pra chegar aos 30 sem ter feito quase nada de efetivo (trabalho) é muito fácil.
E em questão trabalho, está a cada dia mais regulamentado, as pessoas festejando que estagiário trabalha 4 horas, tem folga em dia de prova e tem férias, 13 salário.
Praticamente transformaram o estagiário em um funcionário convencional com “vantagens”, aí não admiro ver tanta empresa contratando idosos ao invés de jovens.
já vi alguns mercados aqui com vaga exclusiva pra 50+
Mais assiduidade, menos problemas de gestão, familiariade com trabalho rotineiro, melhor comportamento social…
Bom dia.
Dois apontamentos:
1 – onde o Estado mete o pé ele não tira mais e
2 – executa a primeira em função de patrocinadores, basta pagar os políticos certos para essa finalidade: a maioria.
Não é novidade para ninguém, mas é isso.
Este é um dos pontos. Até onde o Estado e seus donos tem interesse nessas maluquices sociais?
“Claro, sempre teremos o relato de alguma avó que fora capturada em alguma aldeia indígena e casada à força pelo padre numa paróquia do interior de Minas”
Isso aí deve ter em algum livro de história do Peninha. kkkkk
Festas de 15 anos tinham essa função de “marco social”, por exemplo. O menino trabalhar com o pai era outro marco.
—-
São os tais rituais de passagem. Todas as sociedades tinham isso, mas por algum motivo, na atual querem eliminar.
Hoje o ritual da passagem do jovem é ir no primeiro baile funk. 😀
fumar o primeiro baseado, o primeiro tombo de moto, a primeira apreensão pela PM…
Quem está por trás desse “reconhecimento ” dos cabeça de pano por esses países tudo ensaiadinho? Tem algo no ar
E Laranjao querendo base dos talibas e eles mandando um não kkk
Muitos deles são filhos de funcionários públicos, criados ouvindo que o certo era “trabalhar para outro pai”. Talvez fosse apenas uma tentativa desesperada de oferecer ao filho a figura de um avô — já que nem pai ele teve.
A eles faltou a noção de continuidade. Herdaram pouco, legaram menos ainda. Incapazes de construir junto, tampouco souberam confiar. No Ocidente — em especial na banânia — o filho não é sucessor: é ameaça. Superar o pai é afronta. Ser melhor, um pecado. No fim, resta ao jovem o papel de rival. Ou de mascote.
“o filho não é sucessor: é ameaça. Superar o pai é afronta. Ser melhor, um pecado.
Engraçado que conheço vários casos assim, principalmente do Nordeste bananeiro. Os que possuem alguma coisa lá tem essa visão.
Enquanto os que emigraram de lá, é justamente o inverso. Pais que trabalham em serviços mais simples e que o maior orgulho da vida é ter conseguido formar algum filho, nem que seja numa uniesquina.
No 2⁰ caso prosperam, no 1⁰ caso se afundam, talveź ajude a explicar porque uma região prosperou e a outra continua no mesmo atraso de séculos.
Apenas uma curiosidade bananeira. Não dou a mínima.
Ki si laskem todos e pmj.
Comentário pra emoldurar. Irretocável. Também conheço vários casos ou já estive em algum ponto desses abordados. Decidi criar um futuro pra mim e meu irmão também fora dos valores e pensamentos dos nossos pais.
Bom dia.
Cresci ouvindo os adultos ao redor dizendo que “o meu filho vai cuidar de mim na velhice”. Então, parece que criaram uma geração com essa função, então, a pessoa não pode voar pra longe por que senão o velho perde o seu cuidador.
Meu pai até hoje não aceita bem que ele teve uma filha que saiu de casa porque tem um emprego e renda para isso. E pior, tá cheio de mulher que ainda não entendeu que dá pra sair de casa por uma via que não seja apenas o casamento. E a coisa piora um pouco quando elas se dão conta de que estão em namoros de duas décadas e nem saíram de casa casadas nem por vontade própria de comprar uma quitinete que seja. Tem vários casos no trabalho, vários. E isso me surpreende pois estamos em 2025.
Meu irmão saiu da capital e foi pro interior. Meu pai também não entendeu bem, afinal, o sonho da geração dele era ir embora e fazer a vida em SP. Como agora ele tem um filho que saiu da capital que ele tanto sonhou, amou e fez a vida?
A minha mãe se divorciou e voltou pro interiorzão com praia lá no Espírito Santo. Meu pai achou que após o divórcio, ele ia viver a vida dele e minha mãe, meu irmão e eu ficaríamos para sempre morando na casa que ele construiu. Ué, um mora nos fundos, outro na casa térrea, outro na casa de cima. Vendemos a casa e foi cada um prum lado. Até hoje, minha mãe acha que meu irmão e eu temos que abrir mão de nossas vidas pra irmos morar lá naqueles cafundós de Presidente Kennedy-ES.
O restante da família não ajuda em muita coisa. Muito primo eternamente morando perto dos pais ou no mesmo terreno com 3-4 casas construídas em lote estreito.
Em algum momento, eu resolvi falar um não bem grande pra toda essa vida que a geração dos meus pais acha que os filhos têm que ter quase de serviçais deles. Não me arrependo nem um pouco. Tudo o que me arrependo na vida foi de não ter feito algumas coisas bem antes, mas eu não tinha grana e também ainda não tinha percebido a armadilha de que essa geração da boomerzada não oferece portas de saída pros filhos e agora pros netos.
Dia rentistas safados e opressores desse blog obscuro
Terminei a faxina do apt, agora fazer um almoço opressor, depois uma horinha de bike seguida de uma corridinha de 5k e bora começar a semana.
Que venha a chuva, tá seco demais se é loko!!!
CVR corridas, ontem teve corridinha fitagem aqui na city, horário: ao por do sol, com camisetinha coloridas e saquinhos de pó de tinta pra vc fazer uma graça. E assim seguimos: organizador faturando alto, pessoal da foto esportiva faturando alto… Corrida de rua é isso hoje em dia, fazer foto pra aparecer…
Nem me deixem começar com o Ironman, que virou ostentaçao de tempo, dinheiro e “disciplina e resiliência” pra empresario e diretor mostrar no linkedin como se fosse MBA…
Continuando…
Só que tem um detalhe.
Nós estamos em meio a uma mudança geracional sem precedentes.
Todos os cordões umbilicais serão cortados, todos. Esse será o maior rito de passagem, com pegada bíblica até, rs, com muita reclamação dos pecados dos pais e tendo que olhar pra frente na marra.
Nos primeiros 40 anos de nossas vidas enterramos nossos avós. Nos próximos 40 enterramos nossos pais.
A geração Z estará enterrando seus avós onde muitos acabaram fazendo o papel de pais dessa geração. Então, eles viverão uma espécie de luto ao contrário. E amadurecerão, sim, a fórceps, mas vão.
Eu gosto muito daquele filme “O Último Samurai” com o Tom Cruise. Com o advento da pólvora, não seria mais necessário que o filho saísse do seio familiar aos 7-8 anos para iniciar seus treinamentos de guerreiro: aprender a afiar o fio da espada, se proteger de golpes fatais, estudar o inimigo, o território, aprender a agir em grupo, aquela arte da guerra toda. Essa cultura de toda uma comunidade precisando ter habilidades de ataque e defesa foi se perdendo e se dissolvendo.
Hoje não temos mais ritos, como já foi dito. Ou esvaziaram todos os ritos sem colocar algo melhor no lugar. Eu lembro também de que nas cidades, as mulheres não queriam que as filhas desenvolvesses habilidades domésticas porque “não estavam preparando suas filhas para o casamento” e, sim, para que “trabalhassem fora, tivessem seu próprio dinheiro e fossem independentes”. O trabalho doméstico não era visto exatamente como uma forma de saber se virar sozinha dentro de uma casa, entender de orçamento doméstico, essas paradas. Resultado? Uma geração que não domina o seu próprio lar, as atividades, os custos envolvidos.
O grande rito de passagem já começou que é a transição geracional, a meu ver.
As famílias hoje são pequenas, a imensa maioria com apenas um filho. Eu não acho que os pais vão postergar a adolescência dessa garotada ainda mais pegando reformas e mais reformas da previdência pela frente, pais e sogros idosos, espaços pequenos e caros nas cidades… a conta não fecha. A geração alpha vai ser empurrada pra fora de casa pra começar a vida cedo, creio eu. Até pelos exemplos que temos ao redor de eternos adultescentes.
Eu vejo um futuro onde todo mundo vai ter que se virar nos 30 sem comidinha de mamãe na mesa e roupinha lavada e guardada dentro do guarda-roupa. Geral vai ter que aprender a se virar sem o dinheirinho do vovô e da vovó. Os pais não terão tempo para serem esses avós que ficam cuidando da casa e dos netos, pois trabalharão mais e ficarão fora de casa. A geração adultescentes está com os dias contados.
Bom dia, muquis 🧡
Muito interessante a perspectiva, quem ganha com essa narrativa.
Outro fator é a longevidade. Vide Themer, çarney, ray TCharles e mãe atrasando fase que passariam pros filhos e netos a responsabilidade e atividade.
O divórcio também provoca volta ao mercado e competição ou concentração de patrimônio. fora a indústria de youtubers “perdendo” os bêbes. em casamentos milhonários.