Hell de Janeiro, aquele microcosmo

Johnnyboy 18 de julho de 2024 at 09:23

Sobre o Hell que falaram acima….

porra… é uma tristeza…

tanto esforço pra tirar favelas até a década de 50…. a badalada lagoa era um favelão…. tinha favela no leblon…

Bom dia! Pois é. Acho que um dos primeiros textos que fiz pro Blogue foi exatamente sobre como o Rio de Janeiro era fantástico, maravilhoso até os anos 1960. Era bonito mesmo. Era zuado, cheio de problemas, com muita confusão, um monte de gente apinhada nos subúrbios, transporte horroroso, chuva levava tudo, calor desgraçado, o cais do porto com as putas, samba, descaminhos, crimes… mas era aquela cidade de filme mesmo. Era sensacional.

Qualquer comentário de visitantes da época vai denunciar isso. A cidade era um universo com vista pro mar. Era especial. Tu chegava de Miami e pousava direto na cidade, pegava um táxi e em cinco minutos já estava num bar pra reunião de trabalho, tomando cerveja vagabunda e ouvindo futebol no rádio da birosca. E tinha muita praia, e muito cantinho pra ficar a toa, muito espetáculo, trocentos cinemas, o Cristo e o Bondinho, era mucho loco mesmo.

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o que eu fico puto é o seguinte…. se a favela já era um problema naquele tempo…. se teve esforço pra tirar….. pq não impediram o crescimento?

pq por exemplo não meteu um zoneamento e ordenamento urbano rígido?

Bem, aí a gente tem o problema clássico. Muita coisa foi feita até o final dos anos 1970. Haviam vários programas de remoção de favelas e por anos a favela virou sim um problema social de primeira grandeza. E isso gerava uma situação complexa. Enquanto os mais pobres não votavam e os políticos não podiam fazer proselitismo com a pobreza, isso não era problema.

Quando o pobre tem acesso ao voto, mesmo com toda a restrição do sistema eleitoral do regime militar – voto indireto, em termos, com aquela maluquice da Lei Falcão e listinhas e etceteras – a esquerda percebeu que catalisar o rancor dos favelados contra o Estado era algo possível e viável. Daí a derrubada de favelas, que era algo tido como positivo e legítimo virou caso de polícia, crises e de descontentamento geral, que nos levou a…

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olha a zona oeste…. ali é tudo recente… tirando barra e recreio…. mesmo onde não tem favela… é uma zona do caralho…. não existe ordenação urbana no Brasil, ponto. é tudo zoado pra caralho…. vc tem ilhas de ordem boiando no oceano de chorume… o rio é é o retrato do brasil que podia ter ido e não foi…..

Pois é. A Barra foi projetada do zero, era o sonho dourado do Lacerda, tirar a pobreza da vista de todo mundo, criar uma Nova Cidade com mais espaço, estrutura, meios e belezas naturais, para gradualmente cauterizar a “cidade velha”, a restaurando e modelando de acordo com um ideal de futuro meio europeu, meio modernizante. A Capital estava sendo mexida a beça.

Havia um processo de modernização, mas este foi freado bruscamente com a redemocratização, e com a chegada da Esquerda ao poder. A Fusão também cagou com tudo, pois nunca houve recurso suficiente para manter o Estado do Rio e a antiga Guanabara, ao mesmo tempo. Sempre faltou grana, sempre havia muito FP e muito interesse pra atender. E veio Brizola.

E com ele, a proibição dos despejos e das demolições, e da ação de polícia contra o tráfico e a banalização da invasão, da desordem urbana.

O resto da história, um dia reconto.

Bom dia!