Médico de graça

300 esparta

hipócrita é ser funça e não querer usar serviço de outros funças
Garanto que o povo do SUS tb não usa correio eaioheaoiaeiohe
Todo mundo quer uma vaguinha, mas usar os serviços que prestam ninguém quer.

PowerGirl

O fato de ser funça não quer dizer que eu aprove ou ache bom os serviços prestados por outros funças. Eu acho o SUS péssimo, a educação pública bem ruim também.

Poucos são os funças que utilizarão os serviços públicos. Você acha que os médicos levam sua família no SUS? Eu acho o SUS o desperdício de dinheiro público. Algumas coisas se salvam. A vacinação gratuita por exemplo.

Agora que não é funça vir com esse papinho para ganhar engajamento é deplorável.

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Bom dia!

Então eu deixei essa salva aqui pra comentar quando desse tempo, e hoje vou debater rapidão esse lance aí. Comecemos pelo óbvio.

O SUS é o quê?

Assim, somos um país que resolveu a uns 80 anos atrás virar primeiro mundo com economia de terceiro e políticos e povo de quarto mundo. Lá pros anos 1930 Vargas toma o poder – porque eleição não se ganha e a Revolução de 1930 foi o primeiro grande golpe político motivado por fake news – e depois de perceber que sem o apoio do povão iria durar pouco (os paulistas deram a dica) optou por atacar o medo social da fome e desamparo. Vai lá Vargas pegar legislações fascistas e editando um bocado (Oswaldo Aranha o ajudou demás) essa papelada vai entregando um esquema de proteção social sindicalizada.

Ora, sindicatos que pegavam dinheiro dos trabalhadores para caixinhas de socorro é coisa do XIX, aprendemos na escola isso. MAS Vargas não quer lidar com os comunistas e cria toda uma cadeia (mussolini teve ideia similar) sindical estatal, “pelega”, e esta vai receber forte apoio do governo para oferecer saúde e previdência rudimentar aos seus associados. Os IAPs vão ser o embrião da ideia de “saúde pública”.

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Pula pros 1960, quando os militares assumem essa bodega e estão diante de um problema enorme. País crescendo DEPRESSA, com uma população crescentemente urbana e ainda assolada por doenças tropicais e males urbanos, ao mesmo tempo. Dengue, malária, coqueluche, rubéola, sarampo, difteria, poliomielite, meningites, cólera nos assolavam anualmente. Como já se sabia da experiência positiva de o Estado fornecer saúde preventiva para mitigar os custos da doença por indivíduo na população (Japão, URSS, Europa ocidental já comprovavam essa tese) aqui se decidiu unificar tudo o que era Instituto isolado e os submeter a uma gestão única.

Vem o INAMPS para agregar essa etapa de sáude e o INPS para a “previdência social” – uma ideia do pós-guerra europeu que foi largamente disseminada aqui pelos malditos cepalistas dos infernos – e com isso, teriamos um sistema único, mas não universal, de sáude. O INAMPS servia como um plano de saude universal com co-participação, onde tua carteririnha era carimbada mensalmente pelo empregador (hoje temos a RAIS pra isso) e seu atendimento e o de sua família dependiam dessa carteirinha.

Com isso criou-se aqui, por exemplo, o programa de vacinação, de forma nacional onde conseguimos a duras penas eliminar boa parte das doenças tropicais e típicas da primeira infância. A mortalidade infantil cai abruptamente no começo dos anos 1970. E a longevidade da população começa a subir – ganhamos o bonus populacional neste momento, só pra frisar como essa tomada de posição é relevante, mesmo que a um custo enorme e que arrebentou o INAMPS mais adiante.

Obviamente quem não possuia carteirinha por não ter trabalho regular não poderia ser atendido e dependia da caridade das Santas Casas, que recebiam doações e fundos da Igreja e, após o INAMPS, verbas da União para complementar atendimentos. Imaginem como era o atendimento das Santas Casas no começo dos anso 1970. Em contraste o INAMPS investia pesadamente em infraestrutura hospitalar – grosso modo é o que temos até hoje na esfera federal e em boa parte da estadual. E isso drenava recursos demais.

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No final dos 1980 o sistema era o caos completo. Década de crise destruiu completamente a infraestrutura de saúde pública, os custos da inovação em saúde não apareciam porque o Estado não tinha dinheiro para implementar as novidades e as tecnologias que encurtavam tratamentos e reduziam custos de atendimento. Os hospitais eram horrendos, selvagens, uma tristeza sem fim. Quem precisou ser atendido nessa época tem histórias pavorosas pra contar.

A nossa CF fofinha chegou em 1988 prometendo o Céu Estatal, com o direito absoluto e universal à sáude gratuita. E isso seria feito com a extinção do INAMPS, que era parcialmente subsidiado por quem trabalha, e trocado por um novo sistema (ideia do Jatene e do pessoal do Sírio Libanês) em que todo mundo que trabalha pagaria um ratatá pra todo mundo, até quem não trabalha ou nunca trabalhou, poder usufruir das delícias da saúde estatal “pública, gratuita e de qualidade”.

Toda aquela tralha louca do INAMPS vai virar um grande sistema central com montes de subsistemas estaduais e municipais, um mecanismo de custeio em que todo mundo paga os custos e todo mundo recebe os benefícios, de forma deliberadamente desigual. É um acordo Caracu, na verdade. Pois o INAMPS garantia atendimento a quem pagava, o SUS garante atendimento a todos, mas quem paga e quem não paga tem o mesmo tratamento. Um fato é que o SUS deveria diferenciar pagantes e não pagantes mas isso foi retirado do projeto original.

E o SUS, desde 1992 é o nosso “plano de saúde universal”. Involuntário, obrigatório e bastante caro. Pessoalmente acho muito simplista o argumento de que é hipocrisia defender o SUS e pagar plano. Eu trabalho no SUS e acho ele uma cosia bizarramente ineficaz. Porque, se o custo é justo pelo serviço prestado, porque não funciona direito? Se o dinheiro é pouco, então a máquina é cara demais (e deveria ser reduzida ou aperfeiçoada) ou a demanda é muito grande (e a lógica de seu uso deveria ser revista).

É injusto o cara que paga mais impostos pagar mais pelo SUS e ainda assim, ter de pagar plano de saúde particular. O argumento do defensor do SUS é o de que “quem mais tem, mais paga”. A tal distribuição de renda na ponta. O SUS fomenta a injustiça quando paga mal ao médico e tabela os preços de tudo o que é hospitalar, e inflaciona o mercado ao forçar os usuários a pagar mais por médicos melhores e com maior infraestrutura. Quem não pode pagar tem o pior serviço e não consegue pagar pelo menos pior pois ele é artificialmente inflacionado pelo “custo-SUS”.

MAS o SUS tem aquelas paradas que prestam. Saúde pro pobre na ponta gera economia de escala. Cada criança que é acompanhada lá na ponta do PSF, não vai pra UTI por causa de uma rubéola e economiza milhares de reais para o Estado. O idoso que recebe R$ 5 de remédios para pressão alta e diabetes deixa de pressionar o hospital, o pronto socorro. Este cálculo também está dentro da lógica do SUS.

Notem: SE o SUS não fosse distribuitivo e permitisse equidade e isenção a quem não o utiliza objetivamente, seria menos injusto e mais focal. Dinheiro, TEM. Falta é o resto.

O que vocês acham? pergunta sincera, “é pro TCC”!

Bom dia!