O Crime da Luiza

Bom dia!

OK, geral falando do caso de racismo do Magazine Luiza. Vamos arrendondar a coisa. SIM, é racismo. Crime. discriminar pessoas pela cor no acesso a trabalho, ensino ou bens públicos e privados é CRIME. E inafiançável. Tenso. Não há outra interpretação, não cabe relativismo em relação à Lei.

Vocês sabem que eu há uns vinte anos atrás era até muito presente no tal “movimento negro universitário”, genericamente falando. Participei de projetos sociais racialistas, que buscavam o acesso do negro e do pobre à Universidade. Isso antes da história das cotas, cujo nascimento de verdade eu peresenciei ao vivo, na Uerj do Hell. A UEBA começou antes mas a importância e a sistematização do mecanismo da Uerj a fizeram ser o padrão para todas as iniciativas similares no país.

E ali eu acreditava que a cota era o tal “mal necessário”. Tipo, o cara branco e pobre tem mais vantagens do que o negro pobre. Mas era fato: nas turmas de pré vestibular comunitário que eu acompanhei e administrei, os brancos pobres não tinham lá essa vantagem toda. Porque a pobreza nivela as pessosas em qualquer ângulo que se observe. Isso eu identifiquei logo de cara. Então nas seleções de alunos – era sempre uma oferta abaixo da procura – desprezávamos a parte racial e focávamos basicamente na renda.

Assim, acabávamos com uma faixa de 40% de bancos e 60% de negros e pardos (eles se declaravam, nada da sociopatia fenotípica, nunca aplicamos isso). Era natural. Aí temos um fato – ainda tenho guardados trocentos materiais daquele tempo, muita coisa – interessante e que sempre se repete em qualquer pesquisa decente sobre racismo no país: Há mais negros e pardos pobres no país porque há mais negros e pardos no país. Soa óbvio, e é. RENDA sempre foi o problema. Pessoas com menos qualificação tem piores empregos, e acabal propagando as suas más condições de vida para os filhos. Isso também é óbvio, nem precisava esclarecer.

Haver mais negros e pardos na faixa mais pobre da população é sinal de que estes tem menos acesso a o quê, exatamente? Refino a questão: é a falta de acesso a bens materiais e culturais a fonte da pobreza deles, e da sua dificuldade em obter progresso social? A pessoa é pobre porque lhe falta a escola e a “oportunidade”? A COR lhe impede este acesso a oportuindades?

Quem formulou esta teoria simplesmente não estava interessado nas causas reais da pobreza disseminada no país. Já falamos mil vezes aqui neste espaço: vemos o que queremos quando procuramos somente o que consideramos “certo”. O cara quer achar o racismo como culpado da pobreza no Brasil. Ele vai achar, ora essa. Se a maior parte dos pobres é negra e parda e a maior parte dos crimes é cometidos por negros e pardos e se a escolarização é mais deficiente entre negros e pardos… opa.

Sim. Quando você escolhe um problema (“A Pobreza no Brasil”) ao invés de buscar quais são os problemas que realmente nos afligem (Crise fundiária, falta de acesso a moradia, avanço do crime sobre a sociedade, políticas estúpidas destruindo riqueza, o Estado demonizando o trabalho privado, leis excessivas e anárquicas, a fidlaguia superando a qualidade e capacidade do profissional, a decadência da cultura formal, etc), você pode enfiar o que quiser nele.

O defensor de cotas raciais quer te convencer de que a pobreza da “população negra” é causada pelo RACISMO ESTRUTURAL. Mas não temos leis raciais que restrinjam o acesso do negro. O dono da empresa pode escolher um funcionário branco ao invés de um negro? se isso for uma escolha íntima dele, o Estado não tem nada o que fazer. Mas não há regra que abone isso. E, vamos ser bastante simplórios aqui: Não há como punir o pensamento das pessoas, AINDA.

O que impede o negro de prosperar é o ESTADO, suas leis ineptas, absurdas e que permitem ao crime grassar aonde a população é mais vulnerável, e que sintomaticamente, tem pouca ou nenhuma atividade estatal. Ou a dificuldade extrema, selvagem de se realizar qualquer coisa produtiva sem ser acossado por algum barnabé excitado pela possibilidade de destruir patrimônio alheio. Ou a infernal rotina de quem precisa sobreviver na desordem que são as cidades grandes, ou na miséria do interior que não tem riqueza suficiente para reduzir o dano do Estado sobre suas populações.

A loja lá pode ser racista? A mídia elaga que sim: porque ela está fazendo o tal do “racismo do bem”. Eu vou esperar pra ver se neste processo todo vai haver prioridade para as mulheres nesta seleção. Achei necessário. Provavelmente haverão só homens, nela. Ou não, pode ser mais complexo… Porque ninguém parou para pensar que os homossexuais e transsexuais ficaram de fora desta seleção absurda? Porque uma foto de uma mulher cis negra? Será que a Loja tem preconceito contra uma travesti? Será que uma lésbica não pode ser a “cara” da campanha? E ela é MAGRE. A loja mente pois sequer respeitou a diversidade de padrões, e tipos físicos. GORDE não pode ser une bou administradore? ABSURDE.

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Racismo é algo que existe na sociedade? SIM. Este comportamento é disseminado? SIM. É patrocinado pelo Estado? NÃO. É algo coletivo, social? NÃO. Racismo é individual. Há, sempre haverá a pessoa racista. Mas se eu não consigo estabelecer leis uniformes, universais, como punir quem ofende? O ofendido não pode buscar reparação, é preciso mesmo que o Estado aja como seu defensor universal, punindo a TODOS sem distinção? Eu que não sou racista preciso ser punido por normas e regras que criam diferenças à favor dos negros? Quem define o que é e o que não é negro? Quem terá este poder de escolher? A dona da Loja lá tem esse poder criminoso. A loja é dela, o crime é dela. Mas e no acesso aos bens do Estado? Quem cuidará do “tribunal racial”? Quem os fiscalizará sem temer a acusação, claro, de racismo?

Bom dia.