O Empurrãozinho

Bom dia pessoas de órgãos, córneas, dentes, ossos, pele e cabelos saudáveis e compatíveis!

Olha que interessante. Recebi no email institucional convite para a apresentação de um grupo do ministerio da gestão do descaralhamento e invenção, pra um evento sobre “insights comportamentais na gestão pública”.

O cara palestrante é um tal de Pelle Hansen. Nunca tinha ouvido falar. Mas eu ando cabreiro com as coisas novas e que têm nomes muito criativos… fui ver.

Segundo o Ministério da gestão temerária a coisa tem apoio da embaixada da Dinamarca e  Banco Mundial, BID, OCDE. Aparentemente é uma coisa burocrática, só encheção de saco pra gente sem assunto no trabalho modorrento de ser servidor público na Dinamarca – pensem na Dinamarca como o hall da recepção do Albert Einstein esplahado por todo o país.

Mas eu encuquei com o cara. Saber qual é, pois o assunto de “insights comportamentais” é nosso velho conhecido e a gente sabe muito bem disso. Trocam os nomes mas basicamente é controle social através de direcionamento e indução. Então fui dar uma pesquisada e achei que ele é adepto de uma tese, a do “nudge”. Tá, mas o que é isso?

““Nudge” (termo da língua inglesa que, em tradução livre, significa “empurrão”) é um conceito também conhecido no Brasil como “Teoria do Incentivo“.

O best-seller “Nudge – O Empurrão Para a Escolha Certa“, de Richard Thaler e Cass Sunstein, publicado em 2008, é considerado um marco para a disseminação do conceito de Nudge. Isso porque chegou a influenciar até mesmo grandes governos, como é o caso da política pública implementada pelo governo espanhol.

Em uma tentativa de aumentar o número de doadores de órgãos no país, todos os cidadãos foram automaticamente cadastrados para a doação de órgãos. Ainda assim, respeitando a liberdade de escolha, todos eram livres para se descadastrar quando quisessem.

Como se pode imaginar, o número de “descadastrados” era muito menor do que aquele levantado antes da iniciativa. Ou seja, quando tornou mais fácil ser um doador do que não ser, o governo trouxe novas chances de vida aos necessitados, dando um “empurrãozinho” naqueles que gostariam de doar seus órgãos, mas sempre postergavam o cadastramento pela burocracia.”

Ou seja, Esse cara defende que as pessoas PERCAM direitos e garantias para, quando resolverem as requerer, recebam graciosamente e sem nenhum problema do Estado. O cara defende uma teoria que diz que o Estado estará CAGANDO PARA A SOCIEDADE e irá escolher o “melhor” para TODOS, até alguém se opor, e aí de boa, a porra dos infernos da burocracia do cacete irá funcionar de boa e o cidadão descontente poderá sim, deixar de ser insumo para a carcaça do Faustão.

O autor, o tal do Pelle, especificamente defende esta tese dos doadores obrigatórios – este é o termo, não há outro – e defende que tu tenha de se virar contra o Estado se quiser ÑAO SER doador de órgãos. No textoabaixo, a questão de na Inglaterra medida parecida exigir que a pessosa inclua em sua CNH a informação de “não-doador” para evitar o retalhe e fracionamento acidentais.

Ele defende que o cidadão seja constrangido a fazer coisas que sejam “em prol da comunidade” pois as pessoas “agem por instinto e se recusam a agir em prol do interesse maior quando os temas são polêmicos. Quer dizer, quando há oposição ao que o Estado deseja, seria melhor OBRIGAR todo mundo a fazer e ir vendo quem se incomoda, e deixar estes com a burocracia.

Pula pra BNN.

https://g1.globo.com/politica/noticia/2023/09/12/esposa-e-filho-de-faustao-vao-a-camara-para-defender-a-doacao-presumida-de-orgaos.ghtml

Doação presumida = Nudge.

Essa é a história de hoje. Bom dia.