Os Carros de Quinze Minutos

Bom dia.

Sim, todo mundo aqui já falou um pouco sobre uma daquelas novidades fantasticas da Nova Geração, que invariávelmente irão criar restrições severas e permanentes a algum direito fundamental dos cidadãos em troca de proteção e dinheiro estatal.

No caso, um modismo cruel e meio insano são as tais “cidades de quinze minutos”. Assim: você de verdade nem irá precisar trabalhar muito no futuro. Na maior parte das vezes viverá com subvenções e coupons do Estado, e terá um acesso bastante limitado a bens de consumo mais valiosos ficando basicamente como um adolescente de baixa renda que não sabe e não se importa em entender exatamente de onde vêm a luz, a água, a comida e a internet da sua casa.

Vivendo em casa sendo bancado de forma bastante espartana por quase desconhecidos enquanto se embebeda de cultura ruim e diversões eletrônicas variadas e tem uma vida social resumida a alguns quarteirões da sua moradia, no máximo ao alcance de um reide de bicicleta ou moto sendo normalmente impedidos de progredir mais adiante pela ação da Polícia ou pelos “vigilantes comunitários” do momento.

Em suma, você no futuro estará morando em uma favela.

Mas isso nem é o ponto. Nesta situação os mais pobres já estão perfeitamente alinhados e contentes. Todo mundo das classes F, G e H sonha em morar numa favela do Hell de Janeiro, com barracos forrados de porcelanato e gesso, ar condicionado integral, mototaxi, uber e ifood na porta e a alguns minutos de praias exuberantes e de toda riqueza que uma novela do Manoel Carlos poderia nos apresentar.

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HOJE já estamos com aquele lance dos carros elétricos totalmente sedimentado. Sabemos que não valem 20% do que pedem e sabemos que SE o gobierno não atrapalhasse TANTO, já teríamos milhões de jerequinhas electric-powered rodando por aí. Já falei outro dia que estamos produzindo TANTA energia limpa que o gobierno pensa seriamente em cobrar IMPOSTO de uem tem painel solar e NÃO está usando a energia das concessionárias. E que a energia só é cara porque os contratos exigem que a gente banque a luz na casa do índio Aírton Txerekanakara no reserva do Fundo Fresco, no Pará.

E é um fato. Executando-se quem mora realmente no interior e tem uma necessidade real de possuir um carro convencional com autonomia decente, na maior parte das vezes nossos deslocamentos efetivos não ultrapassam os 100 km diários. E isso, para um carro convencional já é até um treco razoável – dá uns 2000 km mensais, uma boa franquia. E normalmente o uso é “ponto-a-ponto”. Tu vai de manhã, deixa o carro o dia todo parado, e volta à tarde ou à noite.

Um elétrico tabajara como aqueles que são vendidos no PY a um preço até meio caro, atualmente seria uma excelente opção, mas não na forma que muita gente defendeu ferozmente a uns anos atrás – o que criou montes de tentativas de suprimir à força o uso de carros convencionais, aliás. Aí que entra um ponto sério dessa discussão: Um segundo carro elétrico de curto alcance seria uma solução mais racional para conter o problema da poluição urbana e do custo deste transporte, nas regiões suburbanas das grandes cidades.

Não tem mágica. A maioria dos donos de carro o usa pra ir no supermercado, padaria, creche e academia. Trajetos curtos, de no máximo 15 minutos. Os pobres usam bicicleta pra isso, e há um gap operacional entre o cara que tem carro e o que depende da sua Poti genérica pra qualquer deslocamento acima de 2 km. Num grande centro o pessoal usa Uber de 5 reais, na periferia é bicicleta e “diapé” mesmo.

Eu acho o pessoal do gobierno estúpido. Então nem vale a pena tentar teorizar sobre como seria interessante estimular a produção CKD (kits montados aqui) destes carros e motos pequenos. Pois nossa legislação sobre carro é punitiva e excessivamente voltada a cobrar impostos sobre o “rico que compra carro”. Notem que mesmo com toda a palhaçada ambiental nunca se cogitou de verdade estimular a produção de elétricos aqui.

Pois estes pequenos elétricos poderiam ser um meio de se conseguir knou-ráu e tecnologias de menor custo, e estimular o uso efetivo do elétrico em um tipo de deslocamento que realmente impacta e que pelo custo, geraria efetiva adesão até em modalidades de transporte como Uber para curtos trajetos, ou mobilidade compartilhada de verdade. Carros de 15 minutos, algo do tipo…

Mas estamos no país que desliga usina eólica por excesso de energia porque não investe em transmissão, enquanto nos cobra a energia mais cara do continente.

Bom dia! Bebam água, cura ressaca!