A Era do Paulista Preguiçoso?

Bom dia!

Esta semana se falou muito na enorme discrepância de dados do CAGED sobre desemprego, foi o tópico da segunda-feira passada, e virou assunto exatamente porque expôs um problema enorme: Nordestinos estão sendo desempregados, têm menor tempo de estudo, recebem mais volume de auxílios mensais e trabalham em maior volume no mercado informal do que os grupos populacionais do restante do país.

Longe de ser xenofobia, é apenas a constatação da perversidade, independente de que governo tenha feito nos últimos vinte anos, das políticas de transferência direta de renda. Desde o Bolsa-escola idealizado pela Ruth Cardoso, esposa do FHC lá nos anos 1990 e que virou politica de Estado no final dessa década até hoje, o Estado se tornou sustentador de milhões de pessoas, exatamente as mais pobres e com menos recursos.

Ora, a ideia era boa. Você paga um valor miserável mas exigindo a contrapartida do controle de frequência escolar e saúde infantil via monitoramento pelo sistema SUS e das SMEs/MEC. Primeiro grande programa de Estado completamente informatizado, e descentralizado. Mais barato pagar para que o pobre faça a profilaxia mínima das crianças e as leve à escola. Nunca ficou bem claro se esta poítica inicial dera ou não retorno mas SIM, o sucesso dela, politicamente falando, é absoluto.

NENHUM político irá se bater contra um projeto deste tipo. QUALQUER pobre irá querer apoiar quem lhes dê mais deste dinheiro. E este easy money gera uma consequência deletéria quando deixa de ser mero apoio familiar e vira renda direta. Explico: SE eu der 100 reais para uma família de quatro pessoas, elas continuarão a buscar renda e aceitarão os cem reais sem pestanejar e cumprirão o que está definido lá na ponta. Este dado do antigo BF, temos.

Mas se eu der 1000 reais para esta família, ela deixará de buscar trabalho pois terá mais de suas necessidades satisfeitas. Esta familia acabará menos dependente do trabalho e, como consequência irá gerar menos riqueza para seu ajuntamento social e o Estado irá ter menos recursos futuros exatamente para lhe sustentar. Este dado, novo, mata um argumento clássico do BF: A “porta de saída”. Quer dizer, na medida em que a familia melhore suas condições de vida, abandonará automaticamente o BF em nome do trabalho regular.

Como o auxílio hoje tem valor elevado, proprocionalmente falando, muitas famílias simplesmente desprezam a “porta de saída”, se mantendo perenemente dentro dos programas assistenciais, e assim, abandonam a busca por emprego ou adotam posturas negligentes em relação ao trabalho regular. O emprego de baixa qualificação acaba virando “bico” e o trabalho passa a virar atividade sazonal.

Desta forma os individuos mais qualificados neste meio acabam se destacando severamente em relação ao grupo. Em um cenário de dificuldades os mais capazes tem de lutar diretamente com os menos capazes pelos mesmos recursos. MAS em um cenário onde os menos capazes estão fora da luta – por vagas, capacitação, emprego e estudo – os mais capazes obtêm ganhos expressivos. É um motto do blogue a ideia de que isto, a predominância dos mais capazes, acabará acontecendo. O comentário do Duas Barras, aqui embaixo, exemplifica isso claramente.

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Duas Barras 29 de maio de 2023

Nordestino pegas as 7h da manhã e só larga as 17h, parando 1h pra almoço e sempre em ritmo forte. O trabalhador braçal médio paulista entra as 8H, começa a trabalhar 8:30H, devagar, para as 10h pro café, volta a trabalhar 10:30, para 12h pro almoço, volta do almoço as 13h, volta a trabalhar as 13:30, para pro café as 15h, volta a trabalhar as 15:30, para as 16:15 pra limpar ferramenta e 17h está indo embora.

Foi apresentado isso numa reunião da diretoria aqui semana passada, comparado uma empresa terceirizada que estava fazendo uma atividade na empresa com os colaboradores da mesma função contratados próprios. Claro, foi tirado todos os jargões como nordestinos e etc. Foi tratado que precisam de um reformulação completa da equipe de manutenção e, já ficou o recado para a diretora do RH de “onde” deve vir os colaboradores.

A frase de efeito da reunião foi “Muita mamata e sindicato para muito pouco serviço!” A nova gerente não é de São Paulo e está abismada com a baixíssima produtividade dos colaboradores do estado, em várias áreas. Disse que baiano já perdeu a alcunha de preguiçoso pro paulista.

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Não é o paulista o problema em si. A questão é exatamente o melhor nível dos nordestinos que desejam trabalhar, pois hoje eles têm muito mais acesso a informação, tecnologia e recursos do que jamais puderam usufruiur na história. Quem se dispõe a usar destes recursos positivamente se destaca facilmente. Vejam o ponto: Não é de falta de meios ou de estrutura o problema no NE, o problema é social e político, sempre. Escolhas e meios.

Bom dia!