Carnaval, como evitar?

Bom dia!

Espero que o espírito carnavalesco esteja profundamente enraizado, entranhado em todos vocês! Claro, todo mundo adora o carnaval, e nem imagino quem poderia fazer crítica à Maior Festa da Terra, nossa… absurdo algém criticar um evento tão fantástico como este!

Então, é o seguinte: A gente adora o feriadão, adora ficar em casa, passear, ficar a toa. Não sei quem curte a folia, mas eu pessoalmente adoro ficar em casa, escondido do calor, da selvageria alcóolica, do caos urbano, assaltos, gente feia e promíscua, dos surtos polissexuais ambulantes, do cheiro de mijo por todo o universo, dos camelôs agredindo uns aos outros, do barulho insuportável daquelas caixinhas de som dos infernos na versão godzila do oscar…

M A S

Pessoal levantou um ponto nestes dias, eu ouvi muita gente comentando de como hoje a molecada é sem sal pra essas coisas. Eu sempre fui velho, nunca curti carnaval mas sim, já cometi o ato desesperado de ir a Cabo Frio em semana de carnaval, já dei aquelas olhadas em bloco, já fui furtado na sexta-feira de carnaval (involuntariamente, apenas passeo perto de um bloco) e poxa, a molecada de hoje não curte, exatamente, o negócio.

Carnaval hoje tem muito velho metido a boy pagador de brahma, mulher de alta km, gays de todas as formas imagináveis e desesperos variáveis, e muito ladrão e bandido. Aquela galera comum que se juntava pra dar uns perdidos na selva? não vai. Família? tem hora e lugar certos pra ir. Mesmo assim eu jamais levaria meu Menino a uma bagunça dessas. A gente tem de escolher onde aparece com muito cuidado, atualmente.

CLARO que na favela tudo tá bombando, o vaievém está forte e o povo lá nas comunidades está no fogo. Esta semana roubaram uma CEGONHA COM DEZ CARROS e levaram pra favela ali do Parque União, Maré. Nas favelas carnaval é a melhor epoca do ano. Mais dinheiro, mais gente circulando, mais turistas cheirando pó em virilha de menina feia no pancadão de funk. Dispenso tudo isso com fogo e gasolina.

Aí tá o ponto. A molecada de hoje é filha de gente que tem em algum grau a mistura de medo e horror da desordem. Vai pra uma cidade da roça, vai pra algum evento fechado, fica na casa de praia em Iguaba, mas não vai se enfiar com família em bloco num sábado as 9h da manhã. E essa molecada é complexa e eu nem tiro a razão deles. Se o moleque fala uma frase errada pra menina, pode acabar preso e processado. Se esbarra no veado errado, pode apanhar até o coma. Se errar o copo de cerveja, acorda no motel verlaine. Difícil. Medo é a regra.

Antigamente, uns 20, 30 anos atrás era realmente selvagem, mas tudo era questão de tu ficar longe do fervo, do caos. Ia no bloco, ficava nos cantinhos, se tivesse uma galera levava um isoporzão e encostava vendo o movimento. Era perigoso como sempre mas não havia aquela “previsibilidade do caos” como temos hoje… podia dar qualquer coisa, até um resultado positivo. Era o caos mas não havia aquele risco real. Dava merdaa SEMPRE, mas geralmente era com quem procurava muito mesmo arrumar um BO. A gente tinha preocupações mas medo mesmo? só de tiroteio e briga de faca.

E eu nem sou contra carnaval, tem gente que realmente adora o negócio que, afinal de contas, é um negócio poderoso. Poder, grana, status, zueira, sexo, diversão, experiências a rodo… quem não curtiria? Entendo quem ama o negócio, mas é exatamente a questão do risco x recompensa. Ficou, a meu ver, caro demais receber o prêmio no carnaval. A molecada prefere jogar o game da moda (atualmente é um pal qualquer coisa) no PS5 do que se submeter à humilhação contínua e perversa que é o carnaval de rua. As meninas passam a semana fazendo videozinho pro insta no bailinho do condomínio, e tá beleza.

Metade de mim acha excelente isso, metade fica preocupada. A geração nem-nem não presta nem pra fazer merda. E a gente corre o risco de achar virtuosa essa anomia. Sei lá, tempos estranos, os nossos. Estamos virando uma Alemanha com esgoto a céu aberto… esquisito.

Mundo não é mais o mesmo, Charles.

Bom dia!