E o peixe?

Bom dia!

Espero que todo mundo aqui tenha celebrado a Sexta-feira da Paixão de forma mais digna e feliz possível! Claro, tem aquela galera que faz churrasco na laje mesmo… compreensível, hoje em dia não há mais aquela unanimidade absoluta sobre os comportamentos sociais e religiosos da galera. Tempos novos, tempos dificeis. E espero que todos tenham comprado peixe durante o mês passado, claro.

Já não temos aquela corrida desesperada pelo peixe, aquela galera que era liberada mais cedo pra ir na peixaria, filas enorme… Nos jornais mostra até alguma coisa lá não sei aonde mas na vida real sabemos que a coisa já é meio a meio. Eu fui dar um passeio, e ontem almoçamos num restaurante na beirada da Rio-Campos. Peixe? só umas tilápias fritas, mal encaradas, aparentemente sofreram bastante. Não quer carne, come ovo. O que fazer?

Se nem um diazinho por ano o cara nao pode seguir minimamente algum preceito, mesmo que seja cultural mais do que religioso? Claro que eu estou longe de ser esse ativista religioso, mas entendo que a velocidade com o qual os costumes sociais estão se desvanecendo e enorme. Porque os católicos estão honestamente, palavra de um que não vai na Igreja por não se sentir acolhido, em absoluto, cumprindo a promessa do Ratzinger.

Sim, aquela de que a Igreja vai ficar menos e mais fechada, mais sólida, e menos permeável à inovação ideológica. Nada de radicalismo. Ah, mas a CNBB etc… CNBB é um agente CULTURAL. Não são Igreja, são uma ONG dentro da Igreja. Isso é um fato. A igreja do meu bairro voltou a abrir durante a semana, e achei ótimo. Vou conversar com o pessoal lá, achei importante participar do esforço.

E novamente, escrevo: é cultural a coisa toda. Temos muita gente hoje que associa páscoa com a ressurreição do Coelho. Eu hoje até tenho uma facilidade em passar essas ideias pro meu Menino, pois a escola dele é conservadora, fazem festinha com pai nosso na abertura, tem oração pra Jesus e o negócio até que tá fluindo. Pelo menos ele sabe que o negócio não é com o Coelho.

Mas é aquilo. Manter tradições é muito cansativo, é cada vez mais complicado. Eu pessoalmente adoro a tradição, o costume. Mas a gente vai sempre se bater no caso dos mais jovens, que tem uma maior dificuldade em aceitar isso quando essa noção de “valor” não lhes é apresentada em casa. Quem for a um templo evangélico desses grandes, da moda, verá dezenas de jovens lá. Eles curtem a liberdade de mudar de igreja a cada descontentamento, a cada desilusão pessoal, a cada novo amigo que surge. Desapego, né.

Estes jovens fogem dos costumes, mesmo os mais frouxos da Igreja Católica. E seus pais, que não podem frequentar plenamente a Igreja – um em cada dois casais em união efetiva não realizou casamento religioso – acabam se tornando evangélicos para se manter na fé cristã. São normas e as normas servem exatamente para explusar quem não aceita a submissão ao corpus da Igreja. Não tem nada de errado, quem está dentro entende perfeitamente o porquê da restrição.

E nessa cultura de recusar a norma, a regra, os mais velhos paulatinamente abandonam a fé católica e migram para as igrejas evangélicas. Que não tem semana santa nem via crucis, nem toda a Mecânica da Fé católica, mas – também já falei disso outras vezes – recebem todo mundo de portas abertas. O casal desgarrado e que não pode mais comungar porque casou no civil, tem filhos e não tem mais coragem de fazer casamento religioso para retomar a Comunhão, acaba na Igreja Batista porque ali, ele pode fazer a Ceia e levar seus filhos pra batizar sem ter de achar um papel perdido em alguma paróquia de sei lá onde do Ceará pra justificar a candidatura a padrinho de batismo do seu amigo de infância.

De um lado, é a facilidade em trocar e mudar de foco religioso ou social que fazem os jovens preferirem as igrejas evangélicas. De outro os mais velhos que buscam o retorno à fé se veem diante de impasses que os levam quase inevitavelmente ao protestantismo – não era exatamente este o objeto da fé protestante, senão a crítica à FORMA da Igreja Católica? Ora vejamos se não é a tradição que permanece, não é?

Eu não estou defendendo isso ou aquilo. Estou sendo antes, sensível a uma questão que assombra muita gente. Se não há como a pessoa ser católica “praticante” por conta da enorme restrição, que é correta e justa, pois é essa a restrição que faz o corpo da Igreja se manter forte e coeso… Então não vejo problema em a pessoa se tornar evangélica, ainda cristã, mas apartada da Igreja Original. Se esta pessoa será ou não salva, isso é da conta de Outra Pessoa, não de nós, claro. Há um Plano, e este Plano inclui muita gente.

Bom dia! Cremos em quem Vive!