Já não se fazem punks como antigamente

Bom dia!

Esta semana  acompanhamos um caso muito interessante, aquele da banda Dead Kennedys, e seu lance com as fake news, linchamento generalizado e o cancelamento dos shows que a mesma faria aqui no Brasil. Pondero sobre umas coisas que me chamaram muito a atenção, e não foi apenas pelo ridículo da situação, mas sim de como boa parte de nós ainda têm alguma dificuldade em avaliar corretamente certas questões que nos são apresentadas.

Primeiro, toda celeuma começou com um cartaz que foi produzido a pedido da produção brasileira dos shows, e que retratava de uma forma até muito bem feitinha – curti muito a arte do cara – uma “família tradicional da Nova Era”, poderia dizer assim. Ficou legal, nem achei assim tãaaaaao podre, comparando com o lixo que alguns caras andam publicando impunemente por aí.

Beleza fazer o cartaz com crítica social a la Pearl Jam e suas fantasias socialistas? Sim, em tese, o público compra e a banda curte, né? ERRADO. Faltou neste caso da banda de punk uma simples verificação da realidade. Algo como “mais de quarenta anos depois, será que o nosso público continua acreditando nas mesmas coisas”? O bicho pegou exatamente aí.

Se, por um lado a tentativa de criar um evento de marketing negativo via cartaz parecia boa, já que en thesis o público de punk-com-crítica-social é o mesmo que odeia a Nova Era dos bolsominions e seu whiskas sachê de ódios variados, por outro a galera da produção esqueceu de analisar se isto era VERDADEIRO. E nao era. Fail.

Quem curte estas bandas pós-punk a la Epitaph e demais gravadoras da “MTV Generation”, está em geral cagando para política real. Faz um proselitismo enorme na mídia social mas se lixa e vai ver seu show do DK fazendo mil selfies com o tal do iPhone 7, abraçadão com o filho do diretor de multinacional que gosta de ir na Lapa beber cerveja com os maconheiros culturais. Zero interesse político. Coisa de nicho. Ao contrário do fâ do Pearl Jam, ou daquelas subcelebridades de palco secundário de Rock in Rio que PRECISAM ouvir de seus ídolos textões revoltados e suarentos de pavor contra tudo-isso-que-está-acontecendo-no-mundo bichinhos com plástico et al.

Daí que a banda foi surpreendida pelo linchamento virtual, mas deu o caô de que “seria perigoso” fazer show nessas condições. Babaquice, desde quando show de banda punk não é perigoso? Simples: desde quando eles não são mais uma banda punk, né? Mas os caras não estão nem aí para nossa política. São alienados de meia idade tentando defender uma grana usando a marca de uma banda que fez sucesso relativo, de nicho, durante os anos 1980 na região mais progressista dos EUA, pela mão de seu idelaizador, o Jello Biafra (não sem erro metido em política até hoje na Califórnia). Tempo passou, negada não quer mais polêmica, né?

Enfim, não se fazem mais bandas punk como antigamente, nem mais públicos como antigamente – todos ficaram velhos e excessivamente capitalistas, avessos ao risco e amantes do lucro! 😉