Uma história do Abílio – João Luiz Mauad

Recordar é viver: A história do Sequestro de Abílio Diniz

Os mais jovens talvez não saibam por que a recente confissão de Lula sobre a sua participação no “perdão” aos sequestradores do empresário Abílio Diniz é importante. Então, aí vai um pouco de história, para quem não viveu aquela época:
O sequestro de Abílio Diniz ocorreu dias antes da realização do segundo turno da eleição presidencial, em dezembro de 89 – que Lula viria a perder para Fernando Collor.
O cativeiro do empresário foi descoberto na véspera da eleição. Um dos sequestradores, o chileno Sergio Urtubia, preso, apareceu vestindo uma camiseta do PT (Partido dos Trabalhadores).
Em sua casa, a polícia encontrou farto material de campanha de Lula e uma agenda com números de telefones de pessoas do partido, entre eles Eduardo Suplicy (na época, presidente da Câmara Municipal paulistana), José Dirceu (então secretário-geral do PT) e Luis Eduardo Greenhalgh (então vice-prefeito de São Paulo).
O Partido dos Trabalhadores afirmou, na época, que a camiseta e o material do PT haviam sido plantados propositadamente para prejudicar a candidatura de Lula (PT) à presidência. Outra versão é que os sequestradores queriam dar uma conotação de crime político ao sequestro.
Mas nunca ninguém explicou por que a casa usada como cativeiro foi alugada tendo como fiador um padre simpatizante do PT, como noticiou o Estadão no dia seguinte, nem por que os sequestradores só concordaram em se entregar depois da intermediação do cardeal Paulo Arns, outro petista histórico.
Passados alguns anos, em maio de 93, explodiu acidentalmente uma oficina mecânica em Manágua, capital da Nicarágua. No local, foram encontrados mísseis, armas, uma lista com nomes de 65 brasileiros sequestráveis, além de documentos reais e falsos de Christine Lamont e David Spencer, os dois canadenses que participaram do sequestro de Abílio Diniz.
O “bunker” era guardado por organizações políticas de esquerda. Entre elas a ETA, organização separatista basca que atua na França e na Espanha, e as Forças Populares de Libertação (FPL, de El Salvador).
A documentação evidenciou a formação de uma rede internacional de sequestros. Os desdobramentos da explosão do “bunker”, por meio de investigações em vários países como Espanha, Chile, Nicarágua e Brasil, revelaram que a rede ligaria pelo menos 12 agremiações políticas de cerca de dez países. O objetivo da rede internacional de sequestradores era o de obter recursos financeiros para o “autogerenciamento” de grupos “progressistas”.
Esta era a organização criminosa de que participavam os “meninos” que Lula, Renan e FHC fizeram questão de “perdoar”, depois de uma breve greve de fome.
Last, but not least, o único brasileiro que participou do sequestro era formalmente filiado ao PT, no Ceará.

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Não, não foi algo casual, textos da época, como esse print da Manchete mencionam em diagonal o assunto. DEPOIS houve o proverbial processo de abafamento do caso, de forma política, basicamente.

Tribuna da Imprensa, comecinho de 1990. Eleições a toda, Quércia trocou o apoio do PT pelo abafa nas investigações do caso. O PT aceitou assim, meio de lado. Suplici topou, o Subdigitado estava  – sempre teve – rançoso das acusações (desmentir que é bom, nada) de apoio ao sequestro. E Quércia venceu, o PT ganhou poder e grana em SP.

Pouco depois o Abílio já estava amaciando a história toda. Notemos que o lance era a tremenda confusão que era um grupo terrorista político preso no começo dos anos 1990 em meio a uma onda absurda de sequestros. Os Peemedebistas lucrarm imensamente com o esquema, o sequestro ajudou o Collor a ganhar votos e o Abilio, que nunca quis guerra com ninguém, estava de boas tentando aparar as arestas entre os grupos interessados.

Aqui já tudo alinhado. Arns e a Polícia dão a mesma ideia: Não era exatamente política e aquele negócio de PT foi um equívoco da imrpensa, nada a ver, está tudo resolvido etc… SE fosse político entrava na LSN, e como haviam estrangeiros no negócio a coisa encrencou bem… No final, os canadenses ficaram uma década no Carandiru e o governo do FHC deu moral, deportando a galera pra civilização. Tosco, hein.

Falha e seu resumé, aliás!

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff13049802.htm?