Um boteco politicamente correto, sendo apenas um tanto quanto errático. Boteco Muquirana aberto!

Como funciona: o Boteco é um espaço de discussão mais liberada. Postem links para suas músicas no Youtube, discutam a vontade política, economia, games, futebol, criação de pererecas albinas e o que mais quiserem. Só não esqueçam de deixar um aviso para conteúdos mais pesados ou NSFW.

Destaques da semana:

2+
  • Johnnyboy 27 de novembro de 2020 at 18:06

    First!

    2+

  • Johnnyboy 27 de novembro de 2020 at 18:06

    Hahahaha
    Li agora que Maradona era errático!

    3+

  • From_The_Tower 27 de novembro de 2020 at 18:59

    Panicats

    3+

    • Money Addicted 27 de novembro de 2020 at 19:03

      Boa padeiro

      2+

  • Neco 27 de novembro de 2020 at 19:02

    Eita, boteco já entrou em ritmo de fim de ano.

    Pra quem gosta de viajar de moto:

    1+

  • Um dois 27 de novembro de 2020 at 19:43

    https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2020/11/27/joao-alberto-foi-ao-carrefour-dois-dias-antes-de-ser-morto.htm

    Aparentemente o homem negro errático só queria fazer um amigo que pagasse as suas compras.
    Sempre muito carinhoso, saía por aí abraçando todo mundo…

    1+

  • Um dois 27 de novembro de 2020 at 19:56

    https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/11/27/moro-diz-a-pf-ter-ouvido-de-ministros-que-carlos-bolsonaro-era-ligado-a-gabinete-do-odio.ghtml

    moro ouviu de ministros…
    Ninguém se dignou de perguntar os nomes dos ministros para confirmação?
    Parece até que não querem descobrir a verdade…

    6+

  • Neco 27 de novembro de 2020 at 20:08

    https://www.theepochtimes.com/arizona-state-legislature-to-hold-urgent-election-integrity-hearing-with-trumps-lawyers_3594607.html

    Destaco:

    “Conforme estabelecido no Artigo 2, Seção 1.2 da Constituição dos Estados Unidos, as Legislaturas Estaduais têm autoridade exclusiva para selecionar seus representantes para o Colégio Eleitoral, fornecendo uma proteção crítica contra fraude eleitoral e manipulação eleitoral”, disse o comunicado.

    Como é o caso na Pensilvânia, a liderança do democrata Joe Biden sobre Trump no Arizona é frágil. Biden tem cerca de 11.000 votos a favor do presidente.

    Durante a audiência na Pensilvânia, Ellis e Giuliani sugeriram que as legislaturas têm a capacidade, concedida pela Constituição, de nomear eleitores estaduais.

    O senador estadual republicano Doug Mastriano disse na sexta-feira que a Câmara e o Senado da Pensilvânia, ambos controlados pelo Partido Republicano, poderiam fazer um movimento para recuperar seu poder de nomear eleitores.

    3+

  • paulo 27 de novembro de 2020 at 20:10

    CVR Sorte do dia
    Amigo tem um carro e dificuldades de manter. Para sua sorte, uma louca bateu no carango hoje pela manhã e certeza que vai ser declarada a perda total. O rapaz já está feliz porque se livrou de IPVA, Seguro, vai receber o valor cheio da FIPE e quitar seu FIES com a grana.
    A igreja toda de pé: Oh, glória!

    18+

    • Neco 27 de novembro de 2020 at 20:14

      Eu já vi esse filme. Um amigo tinha um Ford ka velho, que não valia quase nada, e um abençoado foi fazer uma ultrapassagem proibida na chuva e bateu de frente, perda total dos dois, mas por milagre ninguém se machucou, e ele recebeu valor cheio da fipe. Fazia uns 3 meses que queria vender o carro.

      9+

  • Cadeia Marcov 27 de novembro de 2020 at 20:33

    Boteco Muquirana Errático…
    aglomeração sem registro da Anvisa, diz Doria.

    6+

  • Mutuário 27 de novembro de 2020 at 20:46

    Pronto, compras na blequifraude finalizadas.
    Só preciso arrumar tempo pra ler tanto livro!

    4+

  • Sideshow Bob 27 de novembro de 2020 at 20:47

    Kkkk boa imagem

    3+

  • sem cadastro 27 de novembro de 2020 at 21:09

    Boa noite e boa sexta pra quem não comprou nada na “breque-fraude”.

    Ah, como é boa e doce a sensação de não perder tempo com isso. Consumismo exacerbado está deixando as pessoas ainda mais alienadas.

    4+

  • Eneas_00 27 de novembro de 2020 at 21:43

    https://www.metropoles.com/colunas-blogs/leo-dias/oscar-magrini-revela-existencia-de-quarto-do-po-e-do-cu-na-globo

    Para entrar, você precisa participar do quartinho do PC.
    – Quem é PC?
    – É o quartinho do pó e do c*. Você cheira?
    – Não.
    – Você dá o c*?
    – Não.
    – Então não vai entrar.

    5+

    • MrCitan 27 de novembro de 2020 at 23:03

      Ano passado eu vi um vídeo de um Youtuber que trabalhou na Globo como cameraman.
      Ele falou de lá o seguinte:
      – no auditório tinha um quartinho de madeirite, que era conhecido como “quartinho do guloso”, que era pra onde levavam as meninas que queriam sentar na primeira fileira.
      – Existia um funcionário chamado Bozó, que metia o rodo na mulherada, só de falar que era da Globo e prometer uma ponta em alguma coisa de lá.
      – A platinada conseguia enganar o fisco quando queria comprar equipamento: Mandava e recebia as máquinas como “sucata”.

      By the way, até o próprio Sikera Jr falou em entrevista que até a Globo Nordeste rolava festinhas com várias drogas.

      2+

  • RoCoSala 27 de novembro de 2020 at 21:46

    Boa noite cambada!!!
    Só passando pra perguntar se é agora que vai?

    Por aqui tudo tranquilo sem sinal do coronga apesar de trabalhar de cara pro vento desde o início da “pandemia”.

    Máscara de cú é rola.

    5+

    • paulo 27 de novembro de 2020 at 21:56

      vai uma porre.
      vai rolar quebra de safra no sul e centro-oeste.
      a estiagem vai impactar a energia em 2021.
      a conta dos programas vai vir em 2021.

      quem tem notado nos varejos a diminuição da quantidade de marcas? antes era 10 marcas para escolher… 3 agora é luxo.

      6+

  • Alfinete da bolha 27 de novembro de 2020 at 22:46

    Um artigo sobre o desastre da política do filho único na China. Abortos forçados, infanticídios à base de injeção na cabeça, esterilização compulsória de “estúpidos, idiotas e cabeças de vento”, crianças que “não existem” para o Estado, jovens mimados, birrentos e incapazes de lidar com as adversidades da vida, mas também sobrecarregados com a obrigação de cuidar dos parentes mais velhos, e por aí vai. Segue a minha tradução do artigo.

    𝗨𝗠𝗔 𝗕𝗥𝗘𝗩𝗘 𝗛𝗜𝗦𝗧Ó𝗥𝗜𝗔 𝗗𝗔 𝗣𝗢𝗟Í𝗧𝗜𝗖𝗔 𝗗𝗢 𝗙𝗜𝗟𝗛𝗢 Ú𝗡𝗜𝗖𝗢 𝗗𝗔 𝗖𝗛𝗜𝗡𝗔

    Liu Fang já teve o trabalho de policiar as mulheres de sua aldeia. Ela se certificava de que nenhuma delas desse à luz um segundo filho, a menos que o primeiro fosse mulher ou fosse deficiente. Sempre que ela encontrava uma gravidez não autorizada, ela instava a mulher a abortar. Hoje, porém, o trabalho de Liu Fang se transformou. Agora ela incentiva os casais locais a ter um segundo filho como uma questão de urgência nacional. As ordens de seus superiores no Partido Comunista Chinês são muito claras sobre isso. Em uma reviravolta vertiginosa, o regime antinatalista mais assassino do mundo se tornou o mais suplicante pró-natalista.

    O Partido lançou sua política do filho único em 1980, numa época em que medos malthusianos mal colocados podiam ser encontrados muito além das fronteiras da China. O governo da Índia estava experimentando um programa de esterilização forçada, as autoridades em Cingapura estavam fazendo uma campanha dizendo aos cidadãos “Parem nos dois” e na Coreia do Sul eles insistiam que “Dois é demais”. [1] “A batalha para alimentar a humanidade acabou”, disse o biólogo Paul Ehrlich em 1968 . “Em 1980, os Estados Unidos verão sua expectativa de vida cair para 42 … A Inglaterra não existirá no ano 2000.” Ehrlich e seus muitos copessimistas ao redor do mundo cometeram o erro de acreditar que os seres humanos não são diferentes de um rebanho de cervos quando se trata de reprodução (como disse o escritor científico Ronald Bailey). Eles haviam se esquecido da engenhosidade humana. As taxas de pobreza despencaram enquanto as taxas de população dispararam nas décadas subsequentes, e as várias profecias carregadas de desgraça não se cumpriram. Mas houve um tempo em que os pessimistas eram ouvidos pelo governo, e isso incluía o Partido Comunista Chinês.

    O PCCh foi muito mais longe do que qualquer outra pessoa, é claro, em parte devido às circunstâncias únicas da China. Mao Tsé-tung passou décadas encorajando as famílias chinesas a terem tantos filhos quanto pudessem – oito, nove, dez por casa. Ele esperava tornar o exército da nação o mais forte do mundo e, para isso, precisava do maior número possível de jovens. Mas em 1980 Mao jazia morto e embalsamado em um mausoléu na Praça Tiananmen, e a China havia chegado ao fim de sua experiência desastrosa de 30 anos com o comunismo. Agora, a prosperidade parecia a única maneira de restaurar a reputação do governo em dificuldades. Na opinião do líder do Partido Deng Xiaoping, ele precisava limitar o crescimento populacional para acelerar o crescimento econômico.

    Ironicamente, os objetivos da política do filho único já haviam sido alcançados antes mesmo de a política ser introduzida. As autoridades chinesas realizaram uma campanha ao longo da década de 1970 intitulada “Mais tarde, mais tempo e em menor número”, encorajando os casais a casar tarde, deixar um intervalo de vários anos entre cada nascimento e ter menos filhos no geral. Esta campanha foi um sucesso. O número de nascimentos por mulher caiu de 5,7 em 1970 para 2,6 em 1980 – uma redução muito mais acentuada do que qualquer coisa que a política do filho único administraria nas décadas seguintes.

    Não foi o suficiente para Deng. Ele queria alcançar um crescimento em uma escala diferente de tudo o que o mundo já tinha visto, então a decisão foi transformar uma campanha de propaganda produtiva em uma lei de ferro repleta de punições draconianas. O estado se tornou “o terceiro participante silencioso e malévolo em cada ato de amor”, na imagem lírica do escritor Ma Jian. Muitas famílias foram simplesmente multadas, mas nos 30 anos seguintes as autoridades também realizaram o massacre em grande escala de seus segundos filhos. Os fetos foram despachados com injeções na cabeça; bebês já nascidos tiveram seus pescoços torcidos ou foram simplesmente afogados por uma enfermeira. [2] Os pais que violavam a política às vezes eram espancados e presos, [3] e geralmente perdiam o emprego. Na década de 1990, a propaganda atingiu níveis maoístas de histeria. O dissidente Chen Guangcheng lembra os slogans nas faixas do governo em sua aldeia: “Melhor um rio de sangue do que mais uma pessoa”, diziam alguns. Outros deram a entender que nunca era tarde para se livrar daquele segundo filho vergonhoso: “Se você precisar de um frasco de veneno, nós o daremos; se você precisar de uma corda, nós podemos fornecê-la.” [4]

    Em meio a esse catálogo de atrocidade, várias emendas e exceções foram introduzidas e, com o tempo, a política do filho único lentamente se transformou em uma política de 1,5 filho. [5] Um segundo nascimento tornou-se possível para os mineiros de carvão; para tibetanos étnicos; para aqueles que podiam pagar a multa. Depois, havia as famílias que simplesmente conseguiram enganar as autoridades. Conheço uma pessoa que passou os primeiros anos de sua vida se escondendo em um armário do andar de cima por ordem dos pais sempre que os vizinhos batiam na porta. Somente quando ela atingiu uma certa idade foi decidido que sua existência poderia ser revelada sem medo de repercussão.

    Ma Jian até descobriu uma subcultura de fugitivos do planejamento familiar que se esconderam das autoridades em barcaças no rio Yangtze. Ele descobriu que “a maioria das famílias tinha três ou quatro filhas nascidas ‘fora da cota’. Elas vivem vidas anormais à margem de uma sociedade ainda mais anormal, conseguindo empregos braçais nas cidades ribeirinhas, criando patos, vasculhando locais de lixo, na esperança de produzir um filho desejado que continuará com o nome da família; o tempo todo examinando nervosamente as margens, prontas, à primeira vista de uma van da polícia ou esquadrão de planejamento familiar, para puxar âncora e zarpar”. Mas, apesar de casos como esses, estima-se que 336 milhões de abortos foram realizados durante as décadas de 1980, 1990 e 2000. Muitos deles foram forçados. 196 milhões de mulheres foram esterilizadas durante este período, e 403 milhões de dispositivos intrauterinos foram colocados – novamente, frequentemente à força.

    Três décadas de vida neste ambiente estranho e vagamente herodiano podem ter feito coisas estranhas para a psique nacional. Acontece que crescer como a esperança solitária de dois representantes dos novos-ricos da China traz bênçãos confusas. As chances de sobreviver à infância, obter nutrição suficiente e concluir o ensino superior são as melhores que já existiram, mas também são grandes as chances de que a criança seja completamente mimada desde tenra idade. Cada filho agora herdará a riqueza de quatro avós, além de dois pais, mas cada filho também deve arcar com o fardo de cuidar dos mesmos seis mais velhos nos anos posteriores.

    De fato, os grandes benefícios da geração do chamado “Pequeno Imperador” vêm algemados a consideráveis ​​pressões. Os adolescentes chineses de hoje ainda precisam enfrentar a tradição de mil anos dos Exames de Ingresso para a Faculdade Nacional, ou gaokao, descrita pelo jornalista Mei Fong como “a experiência mais marcante e destruidora de almas”. [6] Sua vida futura depende quase inteiramente do resultado do gaokao (ou pelo menos é isso que eles são levados a acreditar). Pior, eles não têm irmãos que poderiam ter absorvido parte da carga psíquica que emanava das expectativas dos pais. Por dois anos, esses alunos trabalham 12 horas por dia letivo e passam as noites estudando. Eles dormem noites de quatro a seis horas. A recreação é impossível.

    A milhares de quilômetros de distância, é claro, seus colegas ocidentais vão a festas, jogam futebol e embarcam nos primeiros encontros. Esses anos podem representar um estágio crucial do desenvolvimento social – um estágio negado à geração de um único filho. A evidência não sugere que essa mistura peculiar de direito e coação tenha fortalecido o caráter. Os experimentos mostraram que a geração do Pequeno Imperador é menos generosa, menos confiante e menos honesta do que suas predecessoras nascidas na década de 1970 e mais paranoica, pessimista e avessa ao risco. [7]

    O que mais preocupa a sociedade chinesa é a tendência ao comportamento infantil. Tem havido muito embaraço e contestação pública sobre o problema – veja, por exemplo, o livro best-seller do psicólogo Wu Zhihong, Nation of Giant Infants [A Nação dos Bebês Gigantes]. [8] A analista de política social Helen Gao listou alguns dos padrões de comportamento de seus colegas para o New York Times: os gritos histéricos com um parceiro em público; o lixo casual no meio da rua; a codependência crônica nos relacionamentos amorosos. Já vi tudo isso muitas vezes e muito mais. A aluna em um restaurante que responde a uma briga pelo telefone simplesmente correndo para casa, deixando para trás cartões de banco, dinheiro e telefone, aparentemente supondo que alguém (um mordomo, talvez?) irá automaticamente recolher seus pertences e levá-los para ela. A jovem que desabafa sua fúria nas redes sociais depois de receber propostas românticas de um pretendente indigno: “Pobre menino!”

    Na ocasião, esses incidentes chegaram a causar uma discussão diplomática. Quando uma família chinesa apareceu um dia antes em um albergue sueco em 2018, ela simplesmente esperava ter permissão para ficar de qualquer maneira. A família recusou-se a sair quando solicitada, e o vídeo registrou sua reação dramática ao ser removida do local pela segurança. “Isso é matar, isso é matar”, grita um jovem. Mais tarde, ele pode ser visto deitado na estrada e repetidamente gritando por ajuda, cercado por policiais de aparência confusa. O Dalai Lama havia visitado a Suécia apenas uma semana antes, então as autoridades chinesas aproveitaram a chance de retaliação e condenaram o despejo da família como “brutal”.

    Em um desenvolvimento estranho para uma sociedade tão aparentemente comunitária – uma sociedade forjada pelas ideologias coletivistas gêmeas do confucionismo e do comunismo – a China está começando a ver o crescimento de uma linhagem mutante de individualismo. Isso não é algo que se manifesta no mundo da política, é claro, mas se torna conhecido em outros lugares. As equipes esportivas do país têm um desempenho consistente e insatisfatório, e isso pode ser devido a algo que os especialistas em esportes chamam de teoria da “bola grande, bola pequena”. Os atletas chineses se destacam em competições de “bola pequena”, que exigem altos níveis de precisão e mecanização. No entanto, oprimidos pelo egoísmo e pela paranoia endêmica da geração de um único filho, eles não conseguem se engajar efetivamente no trabalho em equipe e, por isso, geralmente falham nos esportes “Bola Grande”. [9]

    Outros efeitos colaterais da política foram mais sombrios. Em uma sociedade onde a continuação da linhagem familiar ainda é muito importante, a política e a cultura entraram em confronto terrível. Ao decretar que os casais teriam apenas uma chance de garantir seu legado, o Partido criou as condições perfeitas para um aumento no aborto seletivo e no infanticídio feminino. “Uma filha é como água derramada”, diz o antigo provérbio chinês. [10] Em um ambiente que incentiva ativamente o aborto, não tem sido difícil para mães desesperadas tentarem a sorte repetidamente, derramando a proverbial água até que um filho apareça. Antes da política, a expectativa de vida na China era realmente mais alta para as mulheres do que para os homens. Mas depois de 1980, a tendência se inverteu. Algumas províncias agora têm 38% mais homens do que mulheres, [11] e em toda a China nascem 119 meninos para cada 100 meninas.

    Como resultado, o país tem cerca de 40 milhões de homens excedentes. Existem mais solteiros solitários na China do que em todo o Canadá. [12] Isso pode ser o prenúncio de outro desastre iminente para o Partido Comunista – um grupo cada vez maior e do tamanho de uma nação de jovens irados representaria um risco potencial para qualquer governo. (A última dinastia enfrentou duas rebeliões durante períodos de excedente masculino incomum.) [13] Mas já é um desastre para os cidadãos dos países vizinhos. Esses 40 milhões de homens estão desesperados para encontrar noivas, e assim, com esmagadora inevitabilidade, as mulheres são atraídas através da fronteira do Vietnã, Camboja, Mianmar, Paquistão e Coreia do Norte. Primeiro, elas recebem a promessa de empregos bem pagos e, em seguida, são vendidas para famílias chinesas. Essas mulheres costumam ser membros pobres de minorias étnicas e religiosas e, às vezes, vítimas de perseguição em sua terra natal. Elas têm pouco acesso à lei.

    A política também criou uma geração de fantasmas: uma subsociedade de crianças que foram forçadas a sair do radar porque oficialmente não existem. Não existe pai solteiro na China – pelo menos não de acordo com o código legal puritano do Partido. A “Lei do Casamento” promete direitos iguais para todos os filhos nascidos fora do casamento, mas, como acontece com a lei chinesa em geral, isso é em grande parte para inglês ver. Na prática, os casos são simplesmente deixados ao critério das autoridades locais, algumas das quais negarão escolaridade e cuidados de saúde para filhos não reconhecidos de pais não reconhecidos. Filhos “ilegítimos” não se qualificam para o hukou , o sistema de registro doméstico da China e, sem isso, torna-se difícil viajar em trens e aviões.

    O mesmo destino pode aguardar os segundos filhos de famílias com dois pais. Em 2008, Mei Fong conheceu Li Xue, uma menina de 15 anos que vivia como uma não-entidade porque seus pais não podiam pagar a multa por seu nascimento. Todos os dias, na preparação para as Olimpíadas, Li Xue ficava na Praça Tiananmen com uma placa que dizia “Eu quero ir para a escola!” Em poucos minutos, a polícia chegaria para carregá-la, mas ela sempre voltaria no dia seguinte. Os policiais começaram a aparecer em sua casa pela manhã e, em seguida, persegui-la freneticamente pelas ruas enquanto ela acelerava para Tiananmen na motocicleta de sua mãe. [14]

    No início dos anos 2000, um pequeno grupo de demógrafos chineses foi capaz de enviar descobertas às autoridades centrais, demonstrando que a política não estava funcionando. A força de trabalho estava encolhendo e as taxas de fertilidade já haviam caído abaixo do nível de reposição. Casais que moravam em certas áreas do país às vezes tinham permissão para ter dois filhos se um dos pais não tivesse irmãos, e os demógrafos descobriram que, em tais casos, os pais ainda tendiam a se contentar com apenas um filho. Claramente, relaxar a lei não resultaria em uma explosão de nascimentos malthusianos. [15] Os líderes do Partido foram instados a abandonar a política, mas ignoraram esses avisos.

    Existem várias razões possíveis para isso. Uma é o poder – sem dúvida Pequim estava relutante em se livrar de uma ferramenta tão potente de controle social. Outra é o dinheiro – a política estava gerando pelo menos US $ 3 bilhões por ano em multas por violações, e as autoridades estavam embolsando as taxas. Pode haver outras razões menos óbvias. O Partido Comunista ocasionalmente se envolve com a arte oculta da eugenia – veja, por exemplo, o “Regulamento sobre a Proibição da Reprodução de Estúpidos, Idiotas ou Cabeças de Vento”, introduzido pelas autoridades da província de Gansu em 1988. Residentes infelizes o suficiente para ser estúpidos ou teimosos foram forçados a se submeter a esterilização antes de se casarem. [16] Uma década depois, Pequim aprovou a Lei Nacional de Saúde Materna e Infantil de curta duração, proibindo a reprodução para qualquer pessoa que sofresse de “doenças genéticas de natureza grave” [17] (incluindo convulsões). A política do filho único e seu sistema de esterilizações obrigatórias podem ter fornecido uma capa para a experimentação Huxleyana.

    Devemos também considerar o conservadorismo crônico que paralisou as autoridades chinesas durante séculos – um problema que muito antecede o marxismo e a ascensão de Mao. Uma vez que a política foi estabelecida, houve grande relutância em mudá-la. Finalmente, é claro, há o orgulho. O Partido Comunista Chinês não tem o hábito de admitir seus erros. Do Grande Salto em Frente de 1958 ao Massacre da Praça Tiananmen em 1989; da crise da SARS de 2003 à pandemia que paralisa o mundo de hoje, o Partido nunca reconheceu qualquer irregularidade e nunca se desculpou.

    Mas mesmo a combinação inebriante de poder, dinheiro, inflexibilidade, orgulho e a esperança de uma raça superior não seria suficiente para manter Pequim complacente quando os resultados do censo de 2010 chegaram. A luz raiou sobre os líderes chineses, e finalmente eles viram claramente o que estavam construindo no escuro – a maior bomba-relógio demográfica da história. Nos próximos 30 anos, a China deverá perder 200 milhões de trabalhadores e, no mesmo período , ganhará 300 milhões de idosos. O milagre econômico das últimas décadas – já desacelerando – está prestes a sofrer uma parada brusca. Em meados do século, 39% da população do país terá mais de 60 anos, colocando uma pressão insuportável sobre os serviços públicos. As taxas de fertilidade estão caindo em todo o mundo — A grande “queda do bebê” global — mas a crise foi agravada na China pelas consequências da política do filho único.

    O PCCh agora está lutando para evitar o desastre. Uma política de dois filhos foi implementada em 2015, a licença-maternidade foi estendida por um período significativo na maioria das províncias, e alguns hospitais começaram a se oferecer para cobrir completamente o custo do parto . Uma avalanche de propaganda exortou os casais a “ter filhos para o país”. Mulheres que permaneceram solteiras e sem filhos até os 20 anos foram ridicularizadas como shengnu, ou “sobras”. Mas o Partido tem travado uma batalha perdida. Em todo o mundo, a combinação de padrões crescentes de educação com uma economia em desenvolvimento tende a atrasar a idade média de parto e casamento, tornando menos prováveis ​​famílias maiores. Na China, a probabilidade é reduzida ainda mais, pois a maioria dos pais luta com o custo de criar um único filho no ambiente hipercompetitivo mais lotado do mundo. Para essas famílias, a perspectiva de um segundo filho é algo que eles preferem não considerar.

    Pequim esperava um baby boom , que nunca aconteceu. Na verdade, 2019 teve a menor taxa de natalidade desde 1940, antes de os comunistas tomarem o poder. É uma ironia que tenha sido necessária a remoção da política do filho único para que a taxa de natalidade caísse tanto. Talvez haja uma lição aqui para os líderes chineses sobre a relação entre o comportamento humano e a coerção, caso eles estivessem dispostos a ouvir. Infelizmente, existe o perigo real de que agora eles simplesmente repitam o erro e tentem aumentar a taxa à força. Podemos ver a linha de pensamento. Já tendo provado que podem controlar com sucesso os padrões de procriação de um quinto da população mundial, por que não deveriam continuar no mesmo caminho, obrigando os casais a ter um mínimo obrigatório de dois filhos?

    Este será um trabalho muito mais difícil. Mandar as pessoas matarem um feto com uma injeção é uma coisa; ordenar que tragam um bebê saudável ao mundo é outra bem diferente. E mesmo que a política de dois filhos atingisse seus objetivos, os demógrafos sugerem que o efeito de longo prazo seria insignificante. A Comissão Nacional de Saúde e Planejamento Familiar da China projetou 20 milhões de nascimentos extras por ano depois que a nova política foi introduzida, mas esse número ainda só aumentaria a taxa de fertilidade para 1,8. A taxa necessária para manter a população estável é de 2,1.

    O Partido Comunista tinha confiança suprema em sua política do filho único, conforme indicado quando dois dos arquitetos da política publicaram um livro no final dos anos 1980 dando plena voz ao seu êxtase: “Desde que os seres humanos surgiram no mundo há milhões de anos, eles têm tem lutado com a natureza. Agora eles finalmente a conquistaram com sua sabedoria e força social.” [18] Essa convicção deslumbrante evocou imediatamente para mim uma passagem no romance de Arthur Koestler, Darkness at Noon [traduzido no Brasil como “O zero e o infinito”], em que o velho bolchevique Rubashov relembra a certeza da juventude: “Trabalhamos na própria matéria-prima amorfa da história… O que os outros sabiam da história? Ondulações passageiras, pequenos redemoinhos e ondas quebrando. Eles se maravilharam com as formas mutáveis ​​da superfície e não conseguiram explicá-las. Mas tínhamos descido às profundezas… Sabíamos mais do que nunca os homens souberam sobre a humanidade.” [19]

    Os humanos passaram milhares de anos lutando contra a natureza, e muitas de nossas maiores conquistas surgiram como resultado dessa luta. Mas seria um erro imaginar que “finalmente a conquistamos com [nossa] sabedoria e força social”. Como Francis Bacon percebeu há 400 anos, no alvorecer da Revolução Científica, “A natureza, para ser comandada, deve ser obedecida”. [20] A luta é um processo árduo. Nós lentamente desbloqueamos as leis secretas que nos dizem como o mundo funciona e como os humanos funcionam, e então fazemos o nosso melhor para manipulá-las a nosso favor. É um processo que nunca acaba e, sem querer soar muito hippie, exige um certo respeito pela natureza. Os líderes do Partido Comunista nunca entenderam isso. Eles ainda pensam que estamos lutando contra um inimigo que deve ser completamente esmagado.

    Em sua arrogância, eles podem ter sabotado sua chance de hegemonia mundial. O PCCh sonha com uma nação rejuvenescida que liderará o mundo em meados do século. Mas, em meados do século, a China estará ofegante sob o peso de sua população de cabelos grisalhos, e não haverá mais trabalhadores suficientes para fornecer o impulso necessário para o rejuvenescimento. Homens sem noiva irão embora se puderem; aqueles que permanecerem estarão maduros para a revolução. O sonho está prestes a se tornar um pesadelo.

    Referências

    1 Mei Fong – One Child: Life, Love, and Parenthood in Modern China (Oneworld Publications, London, 2017 edition, orig. 2016), p. 50
    2 Chen Guangcheng – The Barefoot Lawyer: The Remarkable Memoir of China’s Bravest Political Activist (Macmillan, London, 2015), p. 161
    3 Ibid., pp. 167–8
    4 Ibid., p. 160
    5 Fong, op. cit., p6
    6 Ibid., p. 100
    7 Ibid., p. 91
    8 Wu Zhihong – Nation of Giant Infants (Zhejiang People’s Publishing House, 2016)
    9 Fong, op. cit., p. 35
    10 Steven Pinker – The Better Angels of Our Nature: A History of Violence and Humanity (Penguin, London, 2011), p508. Pinker cites L. S. Milner – Hardness of Heart / Hardness of Life: The Stain of Human Infanticide (University Press of America, New York, 2000), p130
    11 Fong, op. cit., p114. Fong cites Yi Zhang, population researcher at the Chinese Academy of Social Sciences.
    12 Ibid., p. 109
    13 Ibid., p. 114
    14 Ibid., pp. 11–2
    15 Ibid., p. 59
    16 Ren-Zong Qiu (ed.) – Bioethics: Asian Perspectives – A Quest for Moral Diversity (Kluwer Academic Publishers, Dordrecht, 2003), p. 190
    17 Fong, op. cit., p. 207
    18 Ibid., p. 55
    19 Arthur Koestler – Darkness at Noon (1940)
    20 Francis Bacon – Novum Organum Scientiarum (1620), Book I Aphorism III

    https://quillette.com/2020/11/25/a-brief-history-of-chinas-one-child-policy/

    6+

    • Neco 28 de novembro de 2020 at 08:32

      É um ótimo tópico que os governantes deveriam estudar com calma.

      0

  • Pé Vermelho 28 de novembro de 2020 at 00:13

    9+

  • winter 28 de novembro de 2020 at 01:37

    Até no butecão povo continua tenso e com o chapéu de alumínio na cabeça, kkk

    4+

  • Barnabezinho 28 de novembro de 2020 at 07:26

    Bom dia!

    1+

    • Mutuário 28 de novembro de 2020 at 07:37

      Muito bom dia!

      2+

    • o_estrangeiro 28 de novembro de 2020 at 08:15

      buenas!

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      1+

  • Barnabezinho 28 de novembro de 2020 at 08:27

    kkkkkkkkkkkkkkkkk
    Tópico Novo!

    0

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