É coisa de burro, ou é safadeza mesmo?

Bom dia!

Esta semana eu sequer consegui gozar efetivamente minhas merecidas e justificadas férias, um absurdo! Ora essa, eu não tive como evitar participar da confusão que envolveu uma salada de gente burra e pilantra com a imprensa e o tal do supositório lácteo globalista. Não deu pra desviar das antas, eram muitas e estavam na sua maioria esmagadora, motivadas pra caramba com a estória toda.

Aí nem falo mais que é coisa do campo da burrice, claro. Temos de separar bem as duas coisas, a burrice e a safadeza.

Sabemos nós todos aqui desde tempos remotos que não há mais na mídia atual a necessidade de se manipular a informação. Este era um expediente clássico do passado. Experimentem buscar na hemeroteca da Biblioteca Nacional algum evento específico. Verifiquem as diferentes nuances da cobertura dos jornais de sua cidade em dado período. Cada jornal irá, em sua linha editorial, bater mais ou menos na liderança política da ocasião, pedir por este ou aquele grupos especiais e fazer seu discurso de ordem. Tudo isso enbalado nas notícias do cotidiano, que eram requentadas e trocadas entre os jornais semanalmente. Era o método, jornal tinha opinião e a opinião dele era a de quem pagasse mais por ela.

Lá pro final dos anos 1970, a imprensa vira ativista política, aqui e no resto do mundo. Passa a agir politicamente e interferir politicamente. O poder da TV, o alcance do rádio aliado à força que a confiança da sociedade na imprensa impressa e escrita fizeram dos grupos de mídia uma ferramenta para o controle e o predomínio político dos grupos que detinham a grana e os direitos do Estado para financiar e autorizar estas atividades. A notícia virou acessório para a calibração do discurso contra este ou aquele desafeto dos seus patrocinadores. Às vezes isso era notório, como no caso do jornal Última Hora, ou a Tribuna da Imprensa, objetivamente partidarizados.

Outras vezes era mais sutil, como – sempre dando o exemplo do Hell, para evitar me alongar muito – no caso do Jornaleco O Povo, que era propiedade de Tenório Cavalcanti, e que fazia das mortes dos grupos de exterminio que este senhor-que-quase-matou-o-pai-do-collor-a-bala-no-congresso comandava o tema das manchetes diárias. Ferramenta de persuasão, e identificação poítica. Jornal virou meio para que seus pagantes mandassem as mensagens e discursos, a noticia vira algo lateral, mas ainda sim necessário.

Este método perdurou até a virada dos anos 2000. Com a popularização da informática como metodo de aquisição de informação, e a consequente migração do publico da mídia impressa para a digital, e o surgimento de uma infinidade de tipos e formatos de criação e divulgação de informações, em variados graus de precisão e interesse, a coisa virou naquela forma que todos conhecemos. A “BIG MEDIA” tomou um tranco e não mais se levantou, pela crescente força da mídia pessoal, pela fofoca 3.0 que são as redes sociais. O monopólio da Verdade saiu das mãos da imprensa, e não voltou mais.

Claro que a coisa nao ficaria assim mole e nos últimos vinte anos vimos o completo desmanche do que conhecíamos como “imprensa”. O jornalismo que até então prescindia de credibilidade, de parecer confiável para com o público, perde totalmente esta preocupação. Nós permitimos que este tipo de mudança acontecesse. Nós deixamos estas coisas mudar o miolo do que é o jornalismo. Continuamos consumindo imprensa mesmo percebendo lentamente o abandono daquilo que consideramos “informação” para comprar a “opinião” dos jornalistas E era bonito, era legal. Parecia inteligente, um show de David Letterman, amplificado. Cool, como os arborígenes da época indicavam e o Paulo Francis sacaneava à noite na TV. Deixamos eles crescer porque achávamos que na internet seria tranquilo achar a verdade.

Aí veio a Skynet, quer dizer, o Google.

E com ele a manipulação da própria busca da informação. Nós passamos a última década, se os senhores e senhoras puderem analisar, tentando criar meios de FUGIR da informação tradicional, que não mais nos atendia! a explosão da imprensa individual, alternativa, dos fóruns e grupos de discussão, a femnomenologia das redes sociais, e a erosão completa das midias tradicionais são pedaços de uma mesma busca, de uma mesma sensação: a a de que estávamos sendo enganados em larga escala. Percebemos e nos movemos, mas o tabuleiro do jogo mudou junto com nossos movimentos.

Daí que volto ao começo da nossa questão: Hoje, não temos mais jornalismo a “estrito senso”, objetivamente. Temos OPINIÃO, embalada com textos de português duvidoso e guinchos de ódio em defesa de um conjunto de ideias que mal representam um pedaço da sociedade. Informação não é mais relevante, como supunham os professores de marquetingue dos ans 1990. Relevante é estar com as mãos no manche da máquina que cria os discursos e as narrativas em que a informação será processada e edulcorada da forma mais conveniente. O fato não interessa, como o Seu Nélson já havia asseverado, em outro contexto mais gravoso, certa vez. Importa é a vontade e o interesse de quem divulga a informação.

Por isso o fato da semana foi tão útil para nós: Virou um marcador, em que nós pudemos ver em contraste de tinta fluorescente o pessoal mais pilantra, que pegou a tal estória do leite condensado superfaturado e quis transformar em impítiman, e que simplesmente cagou para os fatos, e o pessoal burro mesmo, que espalha bobagens internet a fora apenas por não gostar do fulano e pronto. São os dois grupos principais: O pessoal que acha belo e moral roubar mercadoria de caminhão virado e o pessoal do Banho de Guaraná. São coisa sdistintas com um mesmo própósito: encher o saco.

A gente não precisou se gastar muito com os primeiros, mas deu vontade de espancar os segundos.

Bom dia, tomem sol pra caramba, tá quente demais! e se for o caso, façam um pudim. De Leite Moça. Globalista 😀