Liberdade e pão?

Bom dia!

Estava lendo o foicebookson e esbarrei com uma discussão inútil sobre algo que sequer mereceria argumento, de tão óbvio. Era uma frase do Seu Nélson, sobre liberdade. É raro mas essa frase está em vídeo, e ele explica o caso. É um minuto transparente, bem sucinto, o Seu Nélson não sabia enrolar. A frase mesmo é de Cervantes, no original. Dom Quixote não era apenas doido. Era livre.

“A liberdade é mais importante do que o pão”, é a tal frase lá. E na tal postagem que li haviam pessoas discutindo sobre não ser possível haver liberdade com fome, e que o alimento é tão importante quanto ser livre. Aí a coisa encrenca, pois isso é um traço constante na nossa cultura social: Pessoas acreditam de verdade na possibilidade de viver sob jugo de terceiros, e em pleno gozo de suas capacidades e pior, podendo exercer suas vontades. A pessoa acha que dá pra perder a liberdade sem perder outras coisas depois.

E esse lance de liberdade tem profunda relação com nosso evento de ontem, nosso Natal – espero que tenha sido bom para todos. Não sei onde isso se perde, mas o ponto central da fé cristã é exatamente a libertação do Homem do jugo milenar do pecado. Somente um Homem liberto poderia construir um mundo novo e vivo. Claro, não vai faltar quem culpe a Igreja por ser escravista, pela servidão medieval, e etceteras. Mas esse negócio de liberdade plena sempre existiu. O homem era servo no campo mas a servidão era muito complexa. Erro comum do marxista chamar servidão medieval de escravidão, ancronismo.

O homem antigo foi GANHANDO lentamente sua liberdade e lentamente foi construindo um mundo novo, que é este em que estamos. A libertação do Homem começa quando sua cultura é modificada permanentemente pela percepção de que a liberdade é possível, e que esta era BOA, melhor do que a escravidão do pecado, lá atrás, o original. Essa ideia de que ser liberto do mal original abria as portas para um mundo novo é a tônica de toda cultura ocidental. Quem botou os cristãos nas Cruzadas? Quem empurrou os portugueses para o mar? Quem atiçou os caçadores de recompensas e os desbravadores do Oeste americano, os bandeirantes? O desejo de libertar-se, de encontrar riquezas, de subjugar o mundo em que viviam.

Você pode chamar meramente de cobiça, mas a cobiça é outro plano, falamos do que empurra os homens, essencialmente. Destino Manifesto, etc… apenas expressões que tentam explicar esse desejo irracional do Homem por possuir os meios de se libertar, de se tornar senhor de seu destino. Essa liberdade individual, egoísta, nasce exatmente daquela sensação incial de libertação. Sem o peso da culpa, o homem cristão prosperou e dominou todo o planeta. Se tem um monte de crueldade no meio? SIM, tem. São humanos e humanos fazem muita merda no processo.

Mas, friso: O desejo de liberdade é irrefreável, e por isso mesmo quando surge uma ideologia que busque subverter esta cultura cristã, seus adeptos atacam exatamente a ideia de liberdade, a transformando em um ideal impossível e fortemente pessoal, e ao mesmo tempo fomentando os excessos e as teratologias absurdas tiradas dos intestinos de alguns indivíduos, para justificar a necessidade de se remover a liberdade de todos os homens.

Quando hoje percebemos que há tanta gente que não entende de verdade a extensão do conceito de liberdade, sabemos onde nossa civilização irá parar. Vai dar merda, mas a maioria nem vai perceber desde que o crédito social caia na conta.

Perdoe o texto chato, mas não queria perder a ideia!!!

Bom dia!

(Tem SOL no Hell, hoje, que benção!!!)