Mudar o mundo – Silas Feitosa

Bom dia!

Antes de mais nada, vou comentar meu ponto sobre crianças, coisa que o Manco, pandeiro e o Mister M puseram ontem.

Meu Menino hoje tem 4 anos e um tico mais de meio. Até os dois anos a gente via a evolução dele exatamente como é naqueles manuaizinhos de internet, tudo batendo perfeitamente. Com uns 2 anos começamos a perceber que a fala não progredia com a mesma intensidade da coordenação motora, da formação de hábitos sociais. Ele fazia tudo certo, interagia bem, estabelecia cadeias de gostos e hábitos (carlos Victor é extremamente adepto da rotina, nada de TOC, só ele prefere o hábito) mas a fala era sempre limitada, embora a garatuja, aquela fala enrolada imitando sons, fosse sendo abandonada.

Daí que a pediatra reclamou muito de termos esperado até quase 2 anos pra ver isso, na verdade foi uma divergência séria de opinião entre ela e o otorrino que levamos ele pra se consultar, que defendeu aguardar. Esporro dado, corremos atrás de fono e exames. Nesse periodo estávamos fazendo os exames de audiologia. BERA, resposta, USG, monte de coisas, foram uns três meses fazendo esse processo de diagnóstico. E era bizarro, pois precisamos procurar otorrino pra fazer corretamente o acompanhamento, pois a maioria ou achava que era autista ou era na linha “limpa o ouvido porque ele não ouve por causa da cera”. Um inferno.

Exames feitos, foi diagosticada uma malformação auditiva nele, não surdez, que impedia a correta formação dos sons no ouvido esquerdo dele. É uma falha a nível nervoso, quer dizer, o som é corretamente recebido mas a sua conversão em impulso elétrico é deficiente, distorcida. Mas é falha que pode ser sanada exatamente com trabalho de fonoaudiologia, retreino do sistema auditivo. Pra gente foi uma sensação péssima, nossa. A pediatra dele sempre evitou inventar remédios, e nunca usamos aqueles que tinham maior risco teratogênico, claro proque eu tambem recebo orientação de monte de gente da saúde, o tempo todo. Caso dele foi o nascimento bem no limiar do termo, com 36 semanas, que causou essa questão.

Tudo absorvido, fomos correr atrás de fono. A primeira tentativa foi horrenda. quatro meses com a primeira fono e ela achando que meu filho era autista – a despeito de a pediatra frisar que isso não pode ser diagnosticado antes de 3-4 anos, de eu ter levado exames e laudos – e fazendo acompanhamento do meu filho COMO AUTISTA. A Môça sempre o levava na fono, e o acompanhava nas sessões. Uma vez eu resolvi ir e ver como era. Saí da consulta e nunca mais pisei lá, de tão puto que fiquei. Quase porrei a mulher lá de tanta raiva.

Veio a pandemia, fudeu o planejamento todo. Retomamos o tratamento uns meses depois, com uma fono novinha, foi minha aluna de pré vestibular, e tudo… moça excelente, estudou o caso dele com cuidado, porque ela não conhecia bem o caso, dividiu com a gente o que ela achava e escolhemos uma proposta de correção bem alinhada com a escolarização dele. Sorte ela ser professora de primário, a gente se entendeu ótimamente neste aspecto.

Nessa corrida já vão dois anos exatos agora em maio. A evolução do meu filho é absolutamente boa. Ele respondeu bem ao processo de construção de fala, melhorou fortemente a prosódia, a fala contínua, e mesmo que ele ainda embaralhe muita coisa, hoje conversa, conta história, canta musiquinha, tem um vocabulário bem grande e aprende qualquer coisa nova no estalo. A ação da fono foi bem feita, a meu ver.

Vou colocar na conta que eu me mudei pra baixada, ficar perto dos avós dele. O contato com a família o ajudou um bocado, pois é o estímulo diferenciado diariamente que acaba forçando o Menino a melhorar vocabulário, fala, ações. Sobre escola, eu acabaria escrevendo um outro tanto igual, fica pra outra oportunidade, mas friso que descobri estarrecido como aquele lance de Piaget de que a escola é fundamental pra criança – e ao mesmo tempo é perigosa demais – é verdadeiro. Escola danifica a criança fazendo um trabalho absolutamente correto.

Qualquer coisa… 😉