O Ouro do Otomar

Bom dia!

Em priscas eras, quando os quadrúpedes enormes e brutalmente vorazes caminhavam pelas savanas do Maranhão e os homens ainda se digladiavam primitivamente para saquear cargas de caminhões das Casas Bahia, tínhamos um blogue, o Velho BIB. Tínhamos, não, a gente era tudo morador e fomos igualmente despejados depois de um episódio esquisito no natal envolvendo gente bêbada, maionese e ofensas, mas… isso é passado, esqueçam.

Naquele tempo havia entre nós um maluco doido, o Otomar. Otomar não acreditava nesse negócio de sistema de reservas fracionárias, moeda FIAT, sistemas estatais de regulação de mercados e outras peças de ficção moderna. Otomar torcia o nariz para a alegoria dramática dos Tijolos Dourados e não curtia muito as manhas da bolsa.

Otomar era tradicional. Debatia pouco, mas cultivava pesadamente a crítica a quem botava muita grana em Petrobras, WEG (era barato nesse tempo, creiam), e outras empresas clássicas. Acreditava que em algum momento as coisas iriam dar merda fortemente, e neste caso ele tinha profunda razão – pensemos nos últimos dez anos… -na sua cisma.

Otomar acreditava na Magia do Metal.

Otomar juntava suas granas do trabalho honesto diligentemente, como todo sarariman que se preze e não deitava toda a sua grana excedente em escolhas duvidosas, mulheres desgastadas, carros adulterados ou quinquilharias reluzentes. Ele também não confiava nos youtubeys que naquela época já nos assediavam a todos com promessas de riqueza infinita a custo baixo para pessoas de inteligência limitada.

(o bitconho comprava um balde de Itaipava no barzinho, nessa época)

Otomar comprava OURO.

E a gente sacaneava ele bem, pois é aquilo: Ouro tem um pequeno problema: no garimpo do interior do Pará você pega uma grama de pó de ouro e troca pelo café e açúcar, por reais e dollars, por diesel e gasolina, por horas de mulheres desgastadas, etc. Na vida real você não pode simplesmente ralar um naco de seu ouro pra pagar as compras no supermercado. Até porque na vida real não é assim que funciona a coisa.

E passamos um bom tempo fazendo a troça dele, virou um negócio folcórico: a cada crise, soluço nos mercados internacionais, ele aparecia pra falar de como é bom e seguro comprar OURO. E caramba, não fazia lá muito sentido na época, principalmente porque a pior parte do metal é a indivisibilidade e a impossibilidade de especulação secundária.

Bom, estamos em 2025 e neste ano o pessoal mundo a fora anda se emocionando exatamente com… OURO. Claro, não seria exatamente um “OTOMAR GOLD VENCEU”, mas estamos em meio a um momento raro na história financeira mundial. Pois a China, que nunca foi muito de confiar em seu próprio dinheiro que não vale absolutamente nada – não existe cálculo econômico no socialismo, jamais esqueçam disso – resolveu paulatinamente comprar OURO.

Estamos no meio de uma batalha econômica importante entre os EUA e a China, e neste processo os txainas estão comprando muito OURO.

Tanto que sua economia interna está sofrendo enormemente com as distorções que a valorização brutal e recente do metal vêm causando. E este aumento na procura cria tensões enormes e com isso, a chutologia aplicada vem forte, com toda a malandragem geopolítica de quem não sabe achar Tonga no mapa…

Mas a vida real funciona diferente e não dá pra prever futuros com apenas uma ou duas notas de assessoria. As coisas mudam rápido. Mas friso este ponto: é curioso como a força do OURO permanece balizando as estruturas da economia mundial. O motivo é simples: OURO compra gasolina, aço, pólvora, cimento, eletricidade, água. Sempre que o mundo fica mais pessimista, o nosso OTOMAR GOLD, não faço ideia de onde ele esteja, fica mais e mais satisfeito.

Bom dia, e se for dar um presente, dê OURO, um presente eterno ®

😀