O recuo do mais forte

Mas êta semana.

Bom dia. Realmente essa semana foi meio zuada. Vem esse negócio de guerra no oriente médio, bolsas ficam doidas, especulação de petróleo, os caras bombando nos zapes da vida falando em armagedão, fim do mundo, caos de fogo e meteoros como resultado da ação divina, etc… Aqui temos um circo de doidos fazendo CPI reversa, onde o investigador toma esculacho e tem cagaço de acabar preso antes do investigado, e a testemunha PRECISA dizer o que o inquiridor deseja, ou vai preso.

Bem, vou me pegar no caso de Israel. Minha opinião? Israel MERECE tudo isso. Infelizmente. Política, o de sempre. Coisa essencial pro entendimento do problema no Oriente Médio é você perceber que somente o mais forte é capaz de dominar, subjugar e DEPOIS DISSO, conceder a liberdade e estabelecer acordos com o mais fraco. Não é uma teoria nova, é apenas a REALIDADE. Se em um conflito há assimetria, este conflito não existe. O mais forte domina e só.

O Estado Israelense desde o final dos anos 1970 tenta se manter oscilando entre um progressismo mais moderado, e o nacionalismo intransigente do Likud, conservador.Nos atentemos que lá a política é mais dispersa do que por exemplo nos EUA. Só que – MINHA OPINIÃO – o Likud cometeu o erro mais básico de tudo o que poderia ser feito ali em Israel. Negociar com o mais fraco antes de o subjugar. Quando, empurrados pelo Carter, presidente dos EUA, os israelenses toparam negociar com o Sadat a devolução do Sinai, deram a deixa para que os palestinos dispersos na sáreas ocupadas passassem a reivindicar a Convenção de Genebra – Se Israel negociou com um país, pode negociar com outros.

Essa abertura foi boa para a geopolítica, pois deu aquela fingida básica, aquela sensação de que a paz era possível sem se usar o expediente clássico de matar todo mundo. Claro que faltou saber se os terroristas da OLP topavam esse esquema de civilização a jato. E friso,  é impressionante como o pessoal hoje em dia esquece quem são os pais dessa galera palestina que tenta invadir Israel diuturnamente… Esquecem do Setembro Negro, das mortes de inocentes, da política nojenta do Arafat, etc. Esquecem e ponto. A OLP não topou, e a guerra interna recomeçou. A Intifada, aliás. Eu era moleque, via isso na TV quase todo dia. Jovens tacando pedrada em tanques, gente berrando e carregando defuntos enrolados em lençóis, sempre tinha aquelas imagens do Líbano, Síria, Iraque, e depois, algum lugar de Israel. Era padrão.

E esse rolo dura ATÉ HOJE. A gente aqui sabe que, quando algo muito ruim perdura, alguém está se beneficiando intensamente disso. O Erro de Israel é exatamente politizar o processo. A poítica interna do país está presa aos palestinos. Quando governos mais moderados e que buscam mais progressismo começam a prevalecer, os palestinos entram em conflito e iniciam aqueles ciclos de quebra-quebras e mortes, que serão vencidos pela grita dos conservadores. Quando governos conservadores começam a se impor e ganham apoio popular, depois de debelar o surto de violência, palestinos voltam a entrar em conflito e o kit recomeça com as criticas dos progressistas à má condução da crise.

É bastante explícito que o problema de Israel é que o Hamas e o Fatah viraram parte da política de Israel. Quando os conservadores precisam se impor, o Hamas fica mais arisco. Alguém poderia explicar isso de forma mais estratégica, ou mais focada no conflito local. Certamente há explicação razoável. MAS eu fico intrigado exatamente com essa sinergia. O Fatah governa mas não manda, e o Hamas manda mas não governa. São parceiros, o “policial bom” e o “policial mau” no conflito. A ONU manda dinheiro e comida pro Fatah, e o Hamas recebe. OS iranianos mandam armas e drogas para o Hamas, a Fatah se beneficia. Mais política.

Essa “má sinergia” entre os antagonistas impede qualquer mudança no painel ali. Eu leio gente falando as bobagens mais absurdas sobre o negócio lá. Na verdade, o caso é simplesmente olhar como um problema político, nada de questões bíblicas, etc. A fé é o motor dos eventos mas a forma como os eventos são conduzidos, as escolhas feitas, e os resultados dizem muito sobre o caso ali. Eu pessoalmente espero que Israel se coloque novamente no lugar de iniciativa e retome as ações para resolver aquilo lá. A população israelense não pode ficar à mercê de todo bando de achacadores que arruma petardos e lhes atira para intimidar. Os palestinos poderiam perfeitamente viver no território que lhes coube em 1948, mas só se poderá reorganizar aquilo lá pela força, não há nenhum espaço para diplomacia.

Antes de mais nada, não me chamem de antissemita, não sejam estúpidos. Não tenho interesse em detalhismo, até por haver fastíssimo material disponível sobre os temas. Apenas acredito que a imagem trazida pela imprensa nas últimas décadas somente cristalizou a visão de que o caso lá é irreversível. Não é. Mas é como uma doença grave, que exige medidas severas para a cura do paciente, enquanto os médicos que o atendem debatem sobre o custo da diária de UTI e a briga dos familiares no saguão.

Quem poupa o lobo…

Bom dia!