As Oportunidades de Bolsonaro e Trump

Texto originalmente publicado no Facebook de Ícaro de Carvalho, do site O Novo Mercado.

Há alguns dias eu disse que os Estados Unidos viviam a oportunidade do século, com essas eleições brasileiras.

Tanto Donald Trump quanto Bolsonaro têm nas mãos a chance de pacificarem um continente que desde sempre vive em ebulição social.

A América Latina é pobre e revolucionária e isso não é bom para ninguém.

Os americanos perdem a oportunidade de possuírem um enorme mercado, formado por aliados, bem no seu jardim (reduzindo os tentáculos chineses) e os países latinos deixam de enriquecer, apesar de estarem colados à maior potência que o mundo já viu.

Enquanto somos pobres há espaço (e adubo) para a ação bolivariana. À medida que sufocamos com a violência, os cartéis, as milícias e o crime organizado ganham força.

E isso não é bom para ninguém.

Grupos terroristas, camuflados sob as bandeiras dos chamados movimentos sociais, são a porta de entrada para o estabelecimento de governos ditatoriais, que culminam — sempre — em tragédias inflacionárias e administrativas…e essas são as precursoras de novas Venezuelas.

Em 1997 nós exportávamos cerca de 35 bilhões de reais para os Estados Unidos; poderíamos estar em 200 bilhões. Estamos em 25 bilhões.

Uma década perdida; reduzimos em 30% a nossa participação internacional com o parceiro dos sonhos do mundo inteiro.

Trump sabe que tem, com Bolsonaro, a faca e o queijo nas mãos. Ele pode matar, numa cajadada só, todos os coelhos que historicamente nos impedem de enriquecer.

Através dos acordos de segurança pública, pode nos enviar blindados e armamentos, para que consigamos vigiar as nossas fronteiras; é, também, a oportunidade de atualizarmos as nossas forças policiais e apaziguarmos o país.

Socialismo bolivariano não sobrevive ao enriquecimento da população. Os dois presidentes sabem que um acordo bilateral para eletrônicos e manufaturados, com um imposto flat de 10%, nos traria décadas de ganho de poder de compra instantaneamente.

Seria como se nós saíssemos do nebuloso século XVIII para o globalizado século XXI em um final semana.

Rico e seguro, em contraprestação seríamos o farolete do continente. O Brasil tem vocação à liderança desde a época do império e só se tornou esse anão político recente através de um plano cruel — e arquitetadíssimo — dos progressistas, iniciado em 1989.

Baseados — figurativamente — aqui, os americanos podem vigiar o narcotráfico boliviano, vigiarem a Colômbia e libertarem de vez o povo venezuelano.

E, com eles por aqui, a China perde o seu principal pátio revolucionário. A democracia estanca o último “terreno virgem” para crescimento do impulso totalitário do planeta.

Eu não consigo olhar para frente e não imaginar que trocar dinheiro, liberdade e tecnologia por segurança e influência política não é o melhor negócio do mundo para os americanos… e para nós!

Temos todos os motivos não-financeiros do mundo para brigarmos por condições de mercado amplamente favoráveis à gente com uma economia de 20 trilhões de dólares. É exatamente o que a antiga União Soviética e os chineses fizeram com os seus primos pobres, só que com o sinal trocado.

Livre mercado e propriedade privada para se relacionar. Enriquecer para libertar. Temos amplas condições de, nos próximos oito anos, alcançarmos a quinta economia do planeta.