Os magistrados da verdade suprema

Como já devem ter lido, há dias, começou a funcionar um novo sistema de controle de uma rede social. Com o fidalgo pretexto de combate à disseminação de notícias inverídicas, criaram para o laboratório político nacional uma filial da “Central do Mundo Melhor”.

Não é segredo que a imprensa brasileira (e mundial) sofreu um forte baque após a popularização das redes sociais, especialmente o Facebook. A ridicularização do mainstream e o desmentir de notícias tornou-se corriqueiro, o que colocou em xeque a pouca credibilidade da mídia, seus senhores e objetivos.

Com isso, e, associado a outros fatores internacionais como por exemplo a eleição do azarão Donald Trump e o BREXIT, foi preciso buscar uma ‘alternativa’ insuspeita para controlar informações e opiniões, no Brasil, no ano eleitoral.

Inventaram, portanto, um método disfarçado para filtrar o que lemos e publicamos. Tudo, obviamente, com uma aura de isenção, seriedade e imparcialidade. Feito isso, anunciaram uma parceria do Facebook com agências “Fact-checking”. Traduzindo para o bom e velho significado português, na prática: agência de censores, recriminadores. Censores que – para nossa felicidade – são conhecidos nas redes sociais e na própria imprensa como os vorazes militantes do “Mundo Melhor” – o mesmo que já empilhou milhões de cadáveres na ex-URSS, China, Cuba e outros paraísos terrestres. Seres admiráveis que gritam e postam “Lula Livre”, “Marielle Presente”, “Palestina Free”, “Viva a Diversidade”, “Impeachment é Golpe”, “Censura Nunca Mais” e outras “verdades” conhecidas.

Uma gente bacana, tolerante, flexível, ponderada e mui amorosa que trabalhará para conter o famoso discurso de ódio – aquele que não suporta ouvir verdades indesejáveis ou que não cabe na narrativa oficial dos operadores  do “Mundo Melhor”. Como se sabe, para essa gente de notória superioridade moral, “fake news” é tudo que não se enquadra, desmente ou dificulta a assimilação da narrativa marxista e seus postulados. Independentemente do lastro dos fatos.

Nossos supremos magistrados da verdade foram escolhidos a dedo. Aproximadamente quarenta pessoas altamente gabaritadas ligadas à esquerda, extrema-esquerda, jornais como a Folha de São Paulo e seus mimosos colunistas, Catraca Livre, partidos democráticos como o PT, PSOL et quejandos. Indivíduos que não ficam ruborizados, pelo contrário, sentem-se envaidecidos por apoiarem a nata que destruiu o Brasil e a América Latina. Mas que luta por “justiça social, diversidade e liberdade”. É a turma que grita o ‘é proibido proibir’, a não ser, claro, que seja a proibição do bem.

O tribunal da patota do bem maior decidirá o que é verdade e, por certo, algumas vezes, fará jus à sua nobilíssima função controladora, digo, verificadora – calar seus adversários –  e desmentirá que o renomadíssimo psicólogo uspiano não disse que o pobre vira-lata paralisado é discriminado pela cachorrada da rua.  Dirá também que, talvez, Lula não tenha tirado 80 milhões da miséria, ou que não há provas de que Bolsonaro tenha batido na mãe, mordido o vizinho e roubado goiabas no mesmo dia. Ou seja, notícias altamente críveis e que poderiam criar controvérsias com relação à autenticidade.

Nossos queridos e confiáveis censores estarão trabalhando diuturnamente para que nossa sociedade seja transformada numa sociedade livre da mentira. E que apenas a verdade suprema prevaleça nesse mundo plural de um lado só.

Começam assim – controlando a nossa opinião e calando quem não faz parte da bolha encantada. O próximo passo será controlar o que você pode ter, quais os bens te pertencem. Claro que, apenas, para que o mundo seja mais justo e mais igualitário. E para que nossas crianças possam desfrutar de esperança e paz.

Depois disso, caso nos calemos, farão como sempre fizeram: instituirão egrégios tribunais supremos para decidirem se essa ou aquela vida faz bem à humanidade. Caso concluam que não, o melhor é que com todo amor e em prol do bem maior que é a sociedade cor-de-rosa stalinista, sejamos eliminados ou transformados em prisioneiros dos nossos magnânimos governantes e do Ministério da Bondade: aquele que estabelecerá o tão almejado “Mundo Melhor”.

Bem-vindos à censura. Primeiro roubam sua opinião, depois sua vida.