Porque eu amo a Luta de Classes

Bom dia!

Olha, gente, tenho de admitir: luta de classes é um negócio muito bom. Estava falando disso pela semana com os colegas, e tenho certeza, a gente aqui já passou da hora de aderir ao movimento! E tenho meus motivos, claro!

Sim, é muito bom esse negócio de classe, a luta de classes… ela é o coringa que me permite botar a culpa em quem eu quiser, pelo problema que eu inventar ou causar, da forma que eu bem entender. Pronto, é muito simples a coisa toda. A gente estava falando nas redes sociais cracudísticas da vida sobre aquele lance das entrevistas de emprego em que os jovens são umas bestas quadradas levados pelas mães, e daí veio esse lance.

Não interessa qual seja o problema, se houver qualquer tipo de alteridade, de divergência, se eu não estiver gostando do assunto ou me sentindo prejudicado pela situação, enfio luta de classe no meio da conversa e que se dane o resto. Mete a crítica lá e pá! abraço. A mãe levou o filho pra entrevista de emprego, e daí surge o questionamento. É porque a classe social dela, a classe média – e todo mundo aqui sabe que a Marilena Chauí odeia a classe média) PODE fazer isso, PODE amparar seus rebentos mimados. PODE oprimir os pobres miseráveis naquela fila odiosa de emprego.

Então todo jornaleiro, todo estagiário que estudou sociologia na faculdade, estudou Marilena Chaui… então ele também odeia a classe média! Então esse estagiário, jornaleiro, diz que aquele candidato pobre vai se excluído da vaga porque a mãe de classe média levou seu filhinho lá na na na entrevista! É tudo muito simples, ora essa! A CLASSE média exclui os pobres quando a mãe desesperada leva seu pimpolho fofinho numa entrevista de emprego. Porque ela tem PODER para isso. É quase uma relaçaõ escravista.

E você vê nisso que a luta de classe é uma coisa fantástica. Eu entendo que a luta de classe exclui, ou antes, anula o livre-arbítrio das pessoas. Então a coisa que essa galera vai sempre levar em conta é: A luta de classes anula o livre-arbítrio! você não diz que a mãe quis levar o filho pra entrevista. Você diz que a classe social dela é mais propensa a a cuidar dos filhos de uma forma mais intensa. Bom, acabou o diálogo. A mãe não é babona e insegura com seu filho, o lance é a classe social dela, mais poderosa, que exclui mais o filho do pobre. Criamos o crime, a vítima, a causa, a culpa. Excelente.

Nisso vamos ver lá que o o moleque mais pobre, semianalfabeto (Môça falando pra mim que seus alunos de ensino médio não sabem usar um e-mail no celular) porque estudou numa escola merda pra cacete, com professores em sua maioria pregiuiçosos, sindicalistas, mal qualificados – que não ensinaram merda alguma pra aquele moleque – não consegue passar numa entrevista de emprego, não consegue nem ter seu seu currículo lido pelo RH da empresa!

Sabem porque? Ah, por causa de uma questão de classe, ora essa! como ele é de uma classe mais pobre ele vai ser discriminado pelo contratante, pelo empregador, pelo representante do acumulador de capital. Simples assim, o moleque não é chamado para uma vaga de emprego porque o empregador discrimina sua classe social! custava ignorar os erros de português, de formatação, de organização mental? Perfeito. Ninguém tem culpa, mas todo mundo tem culpa.

Então que se dane tudo. Ora essa. A luta de classe explica tudo, tudo mesmo… qualquer problema de qualquer ordem social, cultural, espiritual, físico, da natureza humana, da ecologia, da ciência e das coisas ocultas, a luta de classes tem condição de explicar. Tudo: a chuva, a fome na África, a tecnologia do iPhone, a crise do Botafogo, o Elon Musk, o purê em cima do cachorro-quente, a guerra de Biafra e a toalha no distribuidor da fiat 147… tudo em absoluto, ela explica.

Bom dia!

(Esse era um áudio, eu tive de tirar uns 45 xingamentos dele… ok?)