Sobre o Dia em que Todos se Descobriram Anarcoliberais

Bom dia!

Então todo mundo que conheço em algum momento da semana parou e disse alguma coisa contra o Estado e contra as suas ações atabalhoadas país a fora. SIM, nesta semana há uma unanimidade e ela é exatamente a absoluta desconfiança da maioria de nossa população em relação ao Estado, este nosso sócio mal educado, soberbo, faminto e agressivo.

OK, nunca confiamos muito no Estado. Ele é um mau gerente. Preguiçoso, indolente com suas obrigações, não sabe gastar direito o dinheiro que nos toma diariamente, e reclama insistentemente do dinheiro que ele ainda não nos tomou, pois somos sempre devedores daquilo que ele, Estado, acha que escondemos. O Estado é aquele tio que acha que roubamos o dinheiro do seu cigarro e tenta nos bater com uma vara de goiabeira quando está bêbado. A gente quer atirar ele num poço mas tem gente que irá reclamar disso.

E este nosso tio cachaceiro é ruim de trabalho. Faz pouco e mal. Erra bastante e quando é acusado, sai aos berros nos culpando pelos erros que ele, Estado, comete sempre que tenta cumprir suas obrigações. E insiste que temos de lhe dar dinheiro para consertar a merda que ele fez, com a nossa ajuda – pois nós também nos aproveitamos do seus esforço e é claro que, dando mais dinheiro, dessa vez ele fará melhor e nunca mais nos pedirá dinheiro de novo.

E o Estado é mal educado, né. Nos agride bastante com uma diversidade de impostos e taxas e obrigações que impressiona qualquer LGTV4KDisneiplus de cabelo chicréte no que tange à fertilidade imaginativa e a variedade de formas de promover sexo não-consensual e de fundo não opcional conosco. E nos ameaça porque achamos que ele não presta. E nos ameaça porque dizemos que ele não presta. E nos ameaça porque desconfiamos de qualquer coisa que venha dele sem ser feito com expressa má vontade e desinteresse.

Nós somos a metade que não escolheu essa Caravana Rolidei pra gerenciar o país. Mas que se dane, ninguém quer saber a nossa opinião sobre o descalabro que é a ação do Estado. O cara virou Estado, e é feito o cara que tomou a picada da aranha radioativa, pegou poderes e responsabilidades – mas pegou os poderes de nos mandar, exigir, cobrar, punir e largou as responsabilidades de agir, proteger, auxiliar. Um herói da marvel que deu errado. Brasileiro nato.

E esse herói estatal a cada dia que passa se torna mais violento, e insensível. NÃO! eu vou frisar: não sou ancapista nem creio nisso. Não sou um daqueles caras sonhadores que acham mesmo que o Estado nao deva existir e em seu lugar as pessoas possam conviver em harmonia e liberdade. Samuel Colt acabou com qualquer possibilidade da utopia ancapista tem uns 150 anos. Esqueçam isso, o liberteen quer apenas liberdade pra suas parafilias e desejos materiais.

A vida real está assentada no Estado e este é um fato. AGORA, o que o Estado é para nós, é a questão real. O Estado nos humilhando e destratando não é o certo mas é a REGRA. Alguém acha que eu sou contra o pessoal mse desvencilhar do Estado? Eu sou totalmente a favor. Mas eu sou FP, é só lorota? NÃO. Mas eu não vou pedir pra vocês pagarem mais imposto pra ajudar todos a pagar menos imposto, ou ser contra vocês comprarem bitconhos ou venderem sem nota fiscal. Ser hipócrita não é meu ramo.

De um lado temos de olhar o básico. A maioria esmagadora da população entende o mundo somente neste prisma: Há um Estado e ele é seu gerente oculto. Você quer ir contra isso? pode, o Estado até vai te incomodar mas não tem capacidade de lhe impedir. O que é uma favela senão milhares de pessoas se escondendo do Estado? Aquele Estado violento e mal-educado por vezes é o caveirão do BOPE na favela. O traficante é amado pelo povo da favela porque ele expulsa o Estado além do essencial. Tem escola e posto de saúde, tem energia elétrica e água. Tem calçamento. Passou disso, a coisa fica nebulosa.

De outro lado, vemos o Estado grandão tentando controlar cada pequeno aspecto da nossa vida, e ao mesmo tempo tentando nos impedir de cuidar de nossas próprias vidas e tomar decisões sobre a realidade, mesmo que sejam em momentos de crise e urgência. Multar caminhão com donativo nunca, jamais é um caso isolado, é a REGRA. O BOPE entra na favela porque o traficante mata e rouba, violenta e destrói. O Estado tem a obrigação de agir pois se não age, perde legitimidade e poder. É uma balança eterna entre o que desejamos que o Estado faça por nós e aquilo que ele resolve fazer contra nós.

Então, como fazemos? Hobbes pensou isso uns 500 anos atrás, e olha… sei não, viu.

Bom dia!