Mas ainda tem Bolha?

Bom dia, senhores e senhoras, como vão?

Espero que todos bem. Domingão, queria só narrar um negócio.

A gente aqui, este grupo, começou em algum lugar no começo de 2010. Não são todos desta época e creio que quase ninguém aqui, hoje, tenha tanto tempo de blogues. Blogues, porque foram umas quatro eras. Mas eu vou focar lá no Velho BIB. Sim, lá nos começos de 2010, 2011 havia o Bolha Imobiliária. Quem chegou por último vê volta e meia o pessoal se chamando de “bolhistas” por aqui.

O motivo é esse mesmo. Pessoal basicamente eram doidos que em algum momento no tempo, perceberam que alguma coisa muito errada estava acontecendo na nossa economia. Algo bem complexo e que não se resumia somente a um surto generalizado de riqueza, etc… A internet fez um monte de pessoas totalmente descoladas umas das outras se agregar naquele espaço, isso em um tempo em que os blogues e fóruns estavam sendo tragados pelo Foicebookson. Tempos pós-orcutização, não era tudo mato mas tinha muito entulho e barro na internet, ainda.

E percebemos lentamente que era um troço totalmente artificial – bem, como todas as crises financeiras do XX  foram criadas – e alimentado criminosamente pelo Estado, na época, petista (lembre seu amigo petista diariamente que Bolsonaro não foi eleito em 2010) e que estava inflando a economia de um modo totalmente anormal, após a crise de 2009 e sua “marolinha”.

Na década de 2010 vimos os imóveis virar um objeto impossível de se atingir sem a mão pesada do Estado lhe auxiliando, ou sem você virar um paranaense de 1910, desbravando mato a pé de machado em punho, ou um carioca se apinhando nos barrancos de qualquer morro dominado por traficantes de facções amigadas do gobierno de plantão. Lembro perfeitamente da primeira vez que um corretor de imóveis me escurraçou de sua lojinha, isso lá no começo de 2010. Mais do que ficar pucto, fui caçar uma explicação.

E aqui achamos umas CEM explicações diferentes. Desde as teorias de que “é assim mesmo”, o “novo normal”, “imóvel não é pra todo mundo”, “conquistar um imovel exige sacrifícios”, passando pelas teses de que a população estava aumentando e por isso seria inevitável derrubar os predios velhos, e construir novos, ou a de que as cidades grandes iriam explodir se nao construíssemos cem mil apartamentos por ano, as favelas que desceriam cheias de gente feia e rica com a tecnologia e que estariam ávidos por apartamentinhos no camorim…

E haviam a teses da bolha irracional, as de que era um movimento anormal e que acabaria, como no crash fabuloso de 2008 nos EUA, devastando a economia e o patrimônio do bananense médio, com correções brutais – todo mundo voltaria a trocar gol quadrado por quitinete… E também as radicalizações, em que o Estado iria em dado momento comprar tudo e dar aos pobres, fazendo o preço dos imóveis disparar hoje e zerar amanhã… e tinha a moçada do Aluguel Eterno e suas contas coonstantes para demonstrar como eramais vantagem aligar do que entijolar – eu estava nessa fila…

O que essa galera toda estava esquecendo era exatamente da capacidade de o gobierno em manipular os processos e retardar a evolução deste ciclo que seria natural. Pessoal usava os EUA como referência de bolha imobiliária, mas nos EUA o Estado respeita contratos e as pessoas são severamente responsabilizadas por os quebrar. Aqui o Estado dobrou a meta. Quanto mais se tornava impossível a compra, mais se sunia o sarrafo dos benefícios, o MCMD virando o próprio agente especulador do mercado, usando criminosamente dados da desgraça da FIPE para modelar um sistema de reajustes perenes e absurdos, retoralimentando o ciclo de aumentos de preços.

E ninguém esperava que a economia começasse a sambar depois de 2014. Mentira, todo mundo sabia que em algum momento o negócio iria encrencar. O Estado agia retardando a implosão do sistema todo, e obviamente quanto mais os agentes pressionavam e recebiam, mais caro ficava o m² e os custos de construção viraram uma loucura total. Só que veio a Lava-Jato, a BR estava arruinada, o gobierno perdeu a mão na capacidade de se endividar e a população lentamente foi sendo desencorajada a consumir – sem grana, né.

O grande lance é: Não houve bolha? Não. Estávamos em um ciclo de alta irracional dos preços de imóveis? Não. Os preços despencaram? não. La vivenda nunca baja? No.

Eu creio, pessoalmente que estamos num momento muito perigoso. O Estado está sem grana, e com muitos amigos pra bancar. A população quer resultados e ação do gobierno doador. Notem que os preços dos imóveis na sua região aí, podem caçar à vontade, estão em uma estabilidade morna desde 2020, pelo menos. Quer dizer, toca inflação em cima e veremos uma praga lançada pelo blogue se realizando: O valor dos imóveis sendo erodido pela inflação. Faz tempo que os valores dos imóveis não estão tão majorados em relação a por exemplo, a renda fixa, no tempo.

Não disse que estão baratos, disse que quem tem imóvel a muito tempo não viu nada acontecendo, mas quem financiou até 2014 está achando graça da vantagem que arrumou e quem fianciou depois está um tanto revoltado com essa evolução lenta. E isso é perigoso? É. Porque em 2008 estavamos numa situação parecida, com os preços dos imóveis caminhando vagarosamente desde o começo da década. Havia uma janela de oportunidade que o Estado agarrou.

Então, eu fico pensando: se não tem mais bolha, ela esvaziou? Mas porque um apartamento dum predinho aqui no barro onde eu moro custa 200 mil? E se custa 200 mil porque tá vazio a DEZ ANOS? E quando foi que começamos a achar razoavel pagar 200 mil em uma kitchenette de 30 m² porque é bem localizada, perto da favela e da rodoviária? E porque eu não consigo financiar uma casinha no morrão? Tenho questões, mas acho que a roleta vai voltar a girar em breve. Apenas acho, senhores e senhoras.

Bom dia!