E a aula, volta?

Bom dia.

Creio que todo mundo já tenha se ligado no fato de que estamos em uma versão piorada e distorcida pra caramba da Idade Média. Tipo aquele filme da sessão da tarde, em que os moleques fazem algum tipo de besteira com uma geringonça eletromecânica com luzes piscando e uns LEDs, e acabam na Idade Média das séries da FOX do começo dos anos 1990, com direito a trilha sonora ruim e figurinos vergonhosos, dignos de novela da Record.

Nessa distopia malandra gerada pelo pânico da Peste Chinesa, a superstição e o achismo, a total ausência de qualquer tipo de preocupação com o rigor científico, e a vontade de punir são mais do que a regra, são a base das ações do Estado. Ninguém pensa em nada, todo mundo reage meio que anestesiado. Sabem que não é verdade o que a mídia apresenta mas não se sentem motivados ou veem vantagem em reagir a tanta pilantragem.

Obviamente muita gente se beneficia do caos, e muita gente simplesmente não quer nem saber do futuro. Penso no caso das aulas nas escolas. O Brasil hoje é o país com o maior tempo de escolas fechadas por conta da quarentena no mundo. Nenhum país que adotou a estúpida ideia de quarentenas integrais deixou as escolas fechadas por tanto tempo, e tem tanta resistência em as reabrir.

Isso é SINTOMA, não causa do problema. A maior fonte de resistência à reabertura, em qualquer hipótese, é dos professores das redes públicas. Alegam que é perigoso, que toda criança é um assassino, uma pequena bomba viral irresposnável e danosa prestes a explodir na sua casa e matar todos aqueles que a tocar, no momento em que voltar de seu primeiro dia de aula. A criança que voltar à escola matará seus pais, avós. Destruirá suas familias. Lindo, né.

A maioria dos professores das escolas privadas simplesmente teme o desemprego, mesmo. CLARO, as escolas privadas já retomaram atividades em várias cidades, não sem críticas severas dos nossos amigos de sempre, a moçada sindical. Que, claro, não vai botar culpa em ninguém além do seu inimigo de sempre, o capitalismo malvadão, pelas falências e pelo desemprego nas escolas privadas. A culpa é minha e ponho em quem eu quiser, já dizia o filósofo contemporâneo. Se a escola quebra, a culpa é do neoliberalismo. Se abre, mata todo mundo. Beleza de raciocínio.

Parte dos pais também não quer a volta. No caso das crianças menores, é meio óbvio: Se a criança está em casa, seus pais podem usufruir do home office justificadamente e com vantagens. Pensemos que em uma cidade como SP, são quase cem mil crianças em creches. É muita gente que a essas alturas do campeonato, não quer nem saber, manterá suas rotinas até quando alguém resolver ir no Jornal Nacional dizer que acabou a pandemia. Não os culpo, mas ano que vem não vai ter creche particular para o bebezão. Lamento, faz parte de nossas escolhas, não é? Fique em Casa. Ademais, nem todo mundo pode ficar em casa cuidando dos pimpolhos.

E temos as crianças e adolescentes mais velhos, o que fazemos com eles? no, hoje literalmente desgoverno do Hell de Janeiro, simplesmente mandaram avisar esta semana que tipo assim, não vai ter reprovação em 2020. SE o aluno deu uns cliques no sistema ou pegou a apostila na escola, tá aprovado. Só isso. E há o risco de por METADE dos alunos da rede estadual em dependência por mera evasão. Assim: metade dos alunos não fez N A D A para a escola desde março. Nada. Perdemos um ano, e só.

Acho que já deu pra pescar meu assunto. Isso! Percebemos que a educção, o processo educacional, a existência de uma linearidade na atividade de comunicação de ideias para desenvolver crianças e adultos, é desprezada pela maior parte da população. Sim, povo não liga. Pessoal não se importa se a escola vai ficar fechada mais seis meses, ou se seu filho não vai ter nada de formação cultural, prática neste ano. O pai não liga, o professor não liga, o aluno, esse nem nunca viu. E isso não é novidade, é a média. A peste chinesa só deu legalidade ao que uma parte considerável do corpo escolar já pensava: escola não vale NADA. O problema é que quem se importa, já deu o salto à frente.

Aí entra o lance. Estávamos conversando no zape do blogue sobre o salto exponencial que o ensino a distância deu no país nesta confusão toda. Há um, dois anos atrás… nossa, todo mundo ODIAVA o tal do rômescúle, ninguém deveria permitir o rômescúle, porque o rômescúle iria destruir a escola, acabar com a relação saudável entre alunos e professores, num ambiente plural e saudável, etc… Agora? Agora tá bom, tem problema não. Professor fica em casa, e os pais dão aquela moral pros alunos. Faz parte do processo educacional, né.

Os sindicatos abriram a Caixa de Pandora sem perceber, e ainda estão brigando pra ver quem se joga dentro dela primeiro. As universidades já saltaram na frente e estão mudando seus planejamentos de trabalho para incluir sistemas híbridos semipresenciais. SE o EAD funciona, qual a restrição? Havia um preconceito aberto contra o EAD, motivado em boa parte pelo temor, claro, justificado, por parte dos sindicatos, de que a modalidade de ensino a distância traria desemprego, e baratearia a hora de aula do professor remanescente. Nada como a necessidade para fazer o preconceito desaparecer completamente. O aluno quer o diploma, quer o trabalho, e se o EAD resolve o problema, ele adere. E isso, as universidade privadas, como a nossa amada CONGA, já entenderam e estão pondo em prática.

O mundo mudou depressa. O professor sindical quer ficar em casa indefinidamente. O pai e a mãe que querem o rome ófce também desejam a quarentena infinita. O aluno que está se lixando pra hora do Brasil e que nunca ligou pra escola, também. O sindicato que quer gratificação pro cara ir trabalhar por causa do “risco”, idem. Quem são aqueles que querem o retorno das aulas, do trabalho normal, das atividades de grupo, do estudo? Quem é o pessoal “do contra” neste filme bizarro cheio de achismo e ideias estúpidas?

Eu sou do contra.

Bom dia!