Carros muito usados, mesmo!

Bom dia!

Um dos tópicos mais comuns em qualquer conversa que travamos por aí é o tal do “preço das coisas”… SIM, já estamos dentro de um ciclo inflacionário e isso é deliberado. Já sabemos e até por isso temos o dever de nos ajustar à esta realidade próxima, de deterioramento econômico. Infelizmente não adianta muito reclamar enquanto o povão não sentir o gostinho azedo da carestia.

E bananense gosta muito de patrimoniar seu dinheiro, isto é, meter o dinheiro onde ele possa “se manter valorizado”. E bananense que se preza faz isso com títulos de dívida, moeda, ações? não. Faz basicamente isso com tijolos e carros. Pois é, é assim mesmo. Poupança, o povão usa desbragadamente mas é um expediente pra quem já tem certo controle financeiro.

Parêntese: Vejo sempre o pessoal recomendando fundos mirabolantes disso e títulos top com sei lá por cento de CDI (não conheço adulto saudável que consiga explicar o CDI em cinco palavras) para pessoas que juntaram mil reais e querem guardar. Poupança é recurso para quem JÁ CONSEGUE separar dinheiro. Para quem não consegue, o lance é acumular patrimônio e quem discordar disso está sendo otimista.

Aí vem o carro. Porque o carro? Porque tijolo tem o velho problema da liquidez. Bananense não sabe planejar NADA. Compra casa e carro, resolve fabricar o Enzo Patrick, fazer tardezinha regada a gim ruim e gatorade, comprar o PS5… tudo isso segurando na mão de Deus e na do SUS pros problemas da vida. Quando dá aquele problema grave, aquele acidente de percurso, o cara faz o quê? Se ele patrimonia tijolos, vai vender a porta de casa pra por gasolina no Creta 2021 financiado da Localiza? Não.

Tijolo não serve pras emergências típicas do pobre. Pagar o parto da Myllene Rickelmy, o enterro da avó, aquele lance do seu cunhado com a “Associação GYOTA – Serviços de Crédito Popular” que mandou uns caras de PT40 na porta da SUA CASA cobrando aquela dívida, ou qualquer outra vicissitude emergencial que se apareça. Temos então a magia do carro. Bananense usa carro como reserva de valor, patrimônio. E isso é bizarro pois em tese caro não contaria desta forma mas estamos em um multiverso e aqui as coisas rodam diferente.

Então o brasileiro ama carro porque carro é uma das poucas formas de o pobre ter patrimônio de liquidez alta e risco moderado. O cara pega a rescisão, junta o FGTS e pega um golzinho. Esse golzinho vai ficar pra sair no fim de semana, ir no mercado, no postinho… por anos a depreciação dele vai ser assumida como um custo do dinheiro ali. O pobre não pensa em guardar o dinheiro – lembremos o que eu falei da poupança, né? – então tem de comprar algo imediatamente. Carro é a escolha natural.

***

Desta feita temos: Hoje em dia comprar carro está muito complicado. Sabemos que o mercado de carros é disfuncional, pois ele está viciado por uma ferramente externa de preficicação e encoragem de preços, uma das maravilhas da família Zylberstaynejnjnnjzn que é a tabela FIPE. Com o mesmo algoritmo pilantra de sempre, ela sempre gera tendência de alta em qualquer item analisado. O país apresentou quase 20% de inflação nos últimos três anos e a FIPE refletiu diretamente a variação irracional e anormal do IPCA.

Todo mundo ficou alegre em 2021 vendo seu golzinho valorizando na garagem, mas você lembrou que é mineiro e mineiro paga IPVA até o carro morrer, e o IPVA é baseado na FIPE… Aí vem a história. Comprar carro tem desses lances loucos, tem muita variável que entra na hora de se achar e negociar carros. Sem anedota, vamos ver uns trecos:

• SP, MG e RJ tem o IPVA mais caro do país. 4% da FIPE do carro. Povo faz o que? trasnfere o carro para o ES, onde o IPVA é de 2% e é o mais barato por perto, junto do Tocantins e SC. Acre não existe então…
• MG cobra IPVA do carro até a eternidade, não tem isenção. MAS carro de locadora paga menos lá, então a maioria esmagadora dos carros usados de locadora vêm de lá, claro.
• A Tabela FIPE é uma peça de ficção, a negociação depende mais do que você pretende do que qualquer outra coisa. Nao existe pessoa que venda um Peugeot pela FIPE exatamente porque ninguém aceita pagar valorização de carro francês.
• Existem carros que se mantém valorizados no mercado por conta de cultura, mesmo. Não adianta querer oferecer desconto pra comprar Toyota, Honda, ou para um Onix da GM. Carros que têm valor de revenda elevado não admitem negociação.
• Carros que estão sem linha de produção na BNN são complicados. Tipo, você pode até querer comprar um JAC J3 zerado, lisinho por conta do preço, mas a desvalorização é brutal pois a CAOA, seu fabricante, abandonou a produção aqui. Mesma coisa dos demais chineses, que sofrem com peça cara, falta de oficinas e a qualidade que todos conhecemos e reprovamos. Ford é diferente pois ela manteve a produção de peças aqui, e estava consolidada no mercado, mas mesmo assim, já não é garantia de muita coisa.
• Carro fora de linha a muito tempo é complicado. Em que pesem as qualidades, a legislação brasileira manda as montadoras manter estoques por dez anos. Somente Toyota e Honda mantém estoques para carros de mais de dez anos, as demais só tem peças baseadas em compatibilidade, quer dizer, similares. Então a gente tem de lembrar que carros como Nissan Livina e Tiida (2014), Meriva (2012), Ford em geral, principalmente o New Fiesta e Focus, podem ter problemas com manutenção a curto prazo.
• Carro com GNV é coisa de carioca, então a gente sabe que tem problema… ATUALMENTE não é vantajoso nem recomendado usar GNV. Normalmente GNV dá desconto de IPVA, no RJ o IPVA vai de 4 para 1,5%. AQUI no RJ vale a pena para
• a) quem já tem o carro com gás, comprou ele assim, independente do valor e
• b) tem carro de valor superior a 30 k, pois o IPVA que seria de 1200,00, cai para 450,00, já que a diferença de 850,00 cobre o custo normal de vistoria e homologação do GNV, coisa de 300,00, mais a necessidade de manutenção dobrada: Carro com GNV precisa trocar velas e óleo na metade do tempo normal.

Enfim, jogo rápido, depois vou explicar ponto a ponto essas paradinhas aí, se eu puder!

Bom dia!