Bom Dia.
Vou pegar esta conversa abaixo, pra tema hoje. Às vezes as discussões mais densas são as mais rapidinhas, mais diretas, e refletem exatamente a dificuldade de se trabalhar com certos temas, certas ideias. Por exemplo, esse lance de “saber o que é o certo”. Muitas das brigas que temos com desconhecidos, amigos, familiares quando começamos a conversar sobre a loucura institucional atual, passa pelo choque de percepções sobre esta noção de “certo”. Todo mundo tem um padrão de “certo x errado”. Nem todos têm disposição para defender racionalmente suas escolhas e a maioria simplesmente não pensa muito no caso.
Se eu vou ao SUS porque pago por essa merda desde sempre, e pago duas ou três vezes, posso ser contra o tal do SUS? Se eu desconfio da confiabilidade de uma vacina eu posso evitar me vacinar, e evitar que minha família faça o mesmo? Se eu Tenho certo rol de ideias as quais me aferro para decidir minha vida, vale a pena brigar contra todo mundo em nome destas minhas ideias, mesmo que eu acabe quase como um eremita, em isolamento social auto-infligido? São escolhas e como/o que escolher é exatamente o lance aí.
O risco de acabarmos sendo hipócritas ao relativizar nossas escolhas por conta da “necessidade” é sempre enorme. O sofrimento, o conflito, a carência justificam 99% das bobagens que cometemos em nossas vidas, claro. Duro mesmo é nós admitirmos que o resultado de nosso desastre ou sucesso pessoais está atrelado às escolhas que fizemos e fazemos, o tempo todo. Por isso devemos pesar bem o pedaço da Verdade que escolhemos para ser a nossa “verdade” pessoal.
Bom dia!
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Libertario
O certo quase nunca é o mais simples.
Mas se é o certo, é o que deve der feito.Isso me lembra um filme com o Ben Kingley e um dos Baldwin.
O personagem do Kingsley tinha matado alguem. Totalmente consciente de te-lo feito (na visao dele, essa pessoa tinha sido negligente e causado a morte do filho dele).
Preso, foi a julgamento e o defensor era o personagem do Baldwin. O advogado queria usar o caso para se autopromover e conseguir um veredito de inocente, mas o Kingsley queria se declarar culpado. Na discussao dos dois, o advogado diz algo como “eh dificil fazer o certo”. E o personagem do Kingsley diz: “nao eh dificil fazer o certo, afinal, o certo eh o certo. Dificil eh saber qual é o certo. Mas, uma vez que vc saiba, como nao faze-lo”.
Cesar 10 de julho de 2021 at 18:09
Foi exatamente o que pensei quando li a resposta do libertário. Qual é o certo na situação? Tem coisa que é muito complicada. Há, por exemplo, quem defenda pena de morte. Mas, quantos desses estão dispostos a ir lá “puxar o gatilho”? A ideia do Libertário é baseada na cosmovisão liberal: “quem não usa está pagando por quem usa”. Até onde isso é verdade, pois aqui tudo é tributado excessivamente. Então, quem faz compra no mercado, paga conta de luz, etc., não está pagando de algum modo?
Como disse, toda decisão política gera distorções, para o bem de alguns e mal de outros. Quem é que está disposto a ir lá “puxar o gatilho”? Defender algo no ambito das ideias é fácil, mas colocar a coisa para rodar é diferente. Chega lá um pedido ao juiz, tratamento médico de urgência. Quem é que, nessa condição, vai indeferir? Quando a vida ou morte está realmente nas nossas mãos, não apenas no mundo das ideias, a coisa pesa de um modo diferente.
Todo “cristão” idealiza ser um servo valoroso de Deus, mas na hora do “pega pra capar”, quem é que realmente não vai negar a Cristo diante do martírio iminente? Não estou dizendo que a postura do liberal é certa ou errada, apenas chamo a atenção para isto: do mundo das discussões de ideias para a ação há uma distância considerável. Planeje qualquer coisa mais complexa, como erguer uma empresa. Efetive o plano e verá como as coisas são muito mais complicadas na vida real que no papel.
Noite.
Estou vivo graças ao SUS, salvei e vi serem salvas várias outras vidas por causa do SUS. Bem ou mal, ele existe.
Essa é grande maldade em toda essa engenharia: as pessoas são induzidas a acreditar que um sistema que as beneficia minimamente é justificável, enquanto não tem a mínima noção que é feito para benefciar apenas as castas, que ficam realmente com o que há de melhor na medicina, às custas de todos. A ralé se satisfaz com as migalhas e a classe média que paga maioria.País comunista é assim mesmo.
Mutuário, 10 de julho de 2021 at 20:04
Se eu for a favor ou contra o sus, não vai fazer a menor diferença. Tem gente ganhando bilhões com o sistema e isso não vai mudar, o lobby é fortíssimo! Detalhe que acho errado é que se alguém paga plano de saúde e mesmo assim usa o sus, então o governo cobra o valor do atendimento feito pelo sus do plano particular.
Isso no fim apenas aumenta o preço dos planos particulares para o governo receber duas vezes! Se o governo vai cobrar do plano privado, então que me devolva o valor do imposto que paguei!