Alckmin, o candidato natimorto

O gráfico que você vê na imagem revela o desafio único que o Alckmin terá de vencer para se tornar um candidato viável.

Nenhum candidato do PSDB aparecia tão mal nas sondagens quanto ele à esta altura da disputa eleitoral. O desempenho dele está abaixo do ruim: nenhum presidenciável jamais sagrou-se vencedor tendo esses números em junho, e o Alckmin os tem agora, em agosto, em um ano que a campanha oficial será substancialmente menor e mais rápida.

Do mesmo modo, nenhum candidato tucano teve de lidar com um candidato autenticamente de direita, como Bolsonaro, ou com um ex-correligionário como o Álvaro Dias. A quebra do jejum medebista, que não lançava candidato desde 1994 e agora investe em Meirelles, também se soma às dificuldades e obstáculos a serem batidos pelo insosso tucano — isso para não falar no peso de ter que carregar as máculas dos escândalos de corrupção, seus e de seus aliados, em um momento ainda muito impactado pelas revelações feitas pela Operação Lava-Jato e de grande revolta contra os políticos tradicionais.

Apesar de toda a badalação em torno do poder da “máquina pública” e dos recursos do Centrão, a realidade — mais crua do que as malandragens e os crimes que os políticos tradicionais usam para se eleger — é que nem isso o candidato do establishment controla efetivamente.

Aos fatos: Alckmin conseguiu pouco mais do que o apoio das lideranças dos partidos que formam sua coligação, sendo rejeitado e repelido por governadores, senadores, deputados, prefeitos e vereadores que pertencem a esses partidos, mas que, por instinto de sobrevivência e por cálculos locais, preferem outros candidatos.

No Nordeste, muitos representantes desses partidos estão alinhados com Lula, com Ciro Gomes ou com Bolsonaro. Alckmin é quase inexistente por lá.

No Norte e no Centro Oeste, a situação se repete, embora o apoio nessas regiões seja mais homogêneo, beneficiando principalmente a candidatura do Deputado Jair Bolsonaro. Digno de nota, neste contexto, é a postura do Senador Ronaldo Caiado, que não omite sua rejeição ao PSDB de Alckmin e que prefere apoiar Bolsonaro ou Alvaro Dias.

No Sul, Alckmin não tem apoio homogêneo nem mesmo dentro da estrutura estadual do partido de sua vice. Na região, Alvaro Dias e Bolsonaro contam com um apoio, por parte dos políticos e das lideranças locais, muitas vezes maior do que aquele conquistado pelo tucano.

A esperança de Alckmin é o Sudeste, mas a região também não parece disposta a oferecer facilidades para ele.

O acesso tucano ao Rio de Janeiro é quase nulo. No Espírito Santo, terra de Magno Malta, a coligação de Alckmin também tem pouca entrada. Em Minas Gerais, o candidato do PSDB já sinalizou que deve evitar críticas a Bolsonaro, já que as pesquisas revelam que quem quer Anastasia no governo quer mais ainda Bolsonaro na presidência. Por fim, em São Paulo, estado que Alckmin governou por doze anos e no qual ele é amplamente conhecido, o ex-governador tem uma ampla rejeição e aparece atrás de Bolsonaro em todas as pesquisas, à exceção de um outlier, no qual ambos aparecem empatados.

Em suma, Alckmin não tem o voto anti-petista; não conta com a tradicional fortaleza da região Sul; e é praticamente inexiste fora do Sudeste; além de ser rejeitado em sua própria região em seu próprio estado; de modo que só mesmo com muita fé na tal “máquina” — essa força impessoal da política brasileira, — é possível acreditar que a candidatura natimorta do tucano não apenas será ressuscitada como fará isso com facilidade, e tranquilidade, como a grande mídia e os analistas tradicionais têm dito que ocorrerá.

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Bônus: